Resposta poética ao Bruno Cena Macedo
“ninguém morre de amor e nem por amor.
amor é como o vento, também passa.
sim, a gente desama com a mesma intensidade com que ama.
a gente romantiza demais as relações, as paixões, e num toque a gente descobre que a alma nem alma é, quem dirá gêmea.
amores, amor não enche barriga, já dizia minha mãe, amor não é coisa impossível de acabar e ninguém morre por isso”. (Bruno Cena Macedo)
O amor passa como o vento em sua natureza de furacão. É vento forte e intenso enquanto dura. E essa ventania espalha nossos cabelos, faz um redemoinho de neurônios e nos deixa sem rumo, sem direção e sem pentes para alinhar e norte-ar-se. Esse rodopio é a melhor parte dessa vida sem graça debaixo do sol, numa eterna ladainha repetida.
Alguns amores são ilusões, mas enchem de prazer esta vida, que também passa como o vento; alguns são comuns e às vezes sem graça, porque vão perdendo o brilho da paixão; outros são puros como os desejos de uma criança e tão naturais que não precisam ser descritos, falados e nem gestados, pois brotam como flores num jardim que nunca foi planejado – Talvez seja esse, o amor verdadeiro, aquele que vem da alma que não temos.
Mas pouco importa a natureza do amor, ele é sempre real e enche o coração de luzes piscantes como as dos vagalumes. É uma celebração! E essa substância química advinda do amor, move o nosso ser em busca de ser e não ser, juntando tudo num caos ordenado.
O amor não enche a barriga, mas enche o coração de uma fome inexplicável e uma sede insaciável…e o coração vibra, esquenta e irradia um fogo que não se apaga. É o fogo da vida, o fogo da morte, o fogo dos deuses. É o fogo que cozinha os metais renascendo energias primordiais e cozinha a “comida” que mata nossa fome voraz. É o fogo que se alastra e queima todas as impurezas, que esquenta o frio e nos alenta nos invernos rigorosos. E por isso dizia Camões: “O amor é fogo que arde”. E como já cantava Renato Russo, copiando trechos antigos:
“Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria”
O amor é real porque corre em nossas veias e pulsa acelerado quando estamos possuídos por essa entidade, poderoso sentimento que nos faz avançar na compreensão do próprio ser em seus meandros escabrosos.
O amor passa? Passa por aqui e por ali, mas o que importa é o que a gente sente naquele momento intenso. Vai durar? Não importa, pois o tempo é uma ilusão dos nossos sentidos, portanto, não sabemos de nada. É encontro de almas gêmeas? Se nem alma temos, como encontrar uma alma gêmea? Fernando Pessoa, foi bem enfático em seu poema:
“Eros e Psique”
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
Do além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino –
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão , e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
O amor é tudo no mundo – é doçura em nossa língua, macio em nossa pele, molhado em nossa boca, quentura no corpo. E ai daquele que não ama, torna-se uma pessoa vazia, fria e sem coração. Quando se ama, o mundo brilha aos olhos e a caminhada por esse espaço tempo é mais leve e cheio de prazer. Se não fosse o amor, nem planeta teríamos para viver, porque tudo é fruto do amor. O Universo é criado no amor, uma dança cósmica entre Shiva e Shakti. O princípio masculino num conúbio perfeito com o princípio feminino no infinitamente grande e se espalha entre homens e mulheres, no infinitamente pequeno. E essas são palavras de uma pessoa sem esperanças, mas que sabe a importância do Amor Verdadeiro.
Vamos viver de amor no planeta azul…
Elizabeth de Souza
060922
Aí,o Amor!
Nossa verdadeira razão de estar no mundo – amor em todas as suas nuances. Valeu Fátima!