Rosemary e seu inabalável amor de mãe
por Gustavo Souza Silva
13062017
Toda mulher, enquanto grávida, teme pelo filho que mantém em seu ventre. Cuida de sua saúde, a fim de que o filho nasça saudável, se alegra ao senti-lo chutar, dedica-se durante nove meses à criança que está para nascer. É sobre isso que se trata O Bebê de Rosemary, sobre o verdadeiro amor de mãe, de uma mulher que deseja ver seu bebê nascer saudável. Mas eis uma questão retórica para criar um suspense monumental: O que uma mãe seria capaz de fazer ao ver seu filho (a) não nascido em perigo?
O romance do Ira Levin – assim como o filme do Roman Polanski, mais tarde falarei mais sobre – nos apresenta à Rosemary, uma mulher jovem e alegre, que sempre desejou ter um filho com o seu amoroso marido, Guy, um ator frustrado com seu trabalho. Logo no início eles se mudam para um novo apartamento, cobiçado há tempos pelo casal, fazendo-os desistir de um contrato já assinado para conseguir este novo lugar para morar. Pouco após a mudança para o novo apartamento eles decidem finalmente ter o tão esperado filho, e logo ela fica grávida, sendo cuidada pelos amigáveis vizinhos – um casal de idosos.
Eis a parte humana da trama, aquilo que comentei no primeiro parágrafo, uma mulher que tanto ansiou por um filho e agora está prestes a ter um. Não teria como ela ficar mais feliz, assim como ela ficou por um tempo. Mas nem tudo é um mar de rosas, afinal, não há suspense que sustente a felicidade por muito tempo. Os nove meses seguintes são acompanhados por nós assim como passeamos numa montanha-russa, entre altos e baixos. Pois enquanto o período de gravidez da protagonista vai passando, muitas coisas estranhas começam a ocorrer, além das dores constantes e as suspeitas que a protagonista começa a sentir. Fazendo da Rosemary mais infeliz do que se imaginava. Fazendo que nós sejamos presos à historia, querendo saber o que acontecerá no capítulo seguinte – afinal, a escrita do Ira flui muito bem.
As personagens, além de tudo, são muito bem desenvolvidas, cada qual com sua parte no tabuleiro que cerca a trama. Seu marido está sempre presente, mostrando seu esforço para conseguir mais dinheiro para viverem bem, além de cuidar da esposa. Os vizinhos, que cuidam da Rosemary como se ela fosse a própria filha deles, são uma presença muito forte também, sempre ao lado da Rosemary nos momentos de dificuldade. Além da própria Rosemary, que por enxergarmos apenas o ponto de vista dela, sentimos uma afeição enorme por ela. Quando ela está alegre, nós ficamos alegres. Quando ela está triste e pálida, nós sentimos sua dor. Ou quando ela está temerosa, nós também ficamos com medo do que possa acontecer ao bebê – Andy ou Jenny, como ela diz.
Obviamente, muitos já sabem por cima qual é o final da obra, mas chegar àquele clímax carregando todo o contexto da trama e afeição pela Rosemary é algo de fazer o leitor arregalar os olhos – mesmo àqueles que já assistiram ao filme, assim como eu. Até me arrisco a dizer que este é um dos melhores clímaces (Sei que a palavra é estranha, mas é o plural de clímax) que já tive a chance de ler, pois ele eleva tal montanha-russa para níveis que você não imagina, mexendo com seu íntimo, fazendo-o ser o olhar e o espírito de Rosemary, que apenas anseia pelo bem do bebê.
Não posso dizer muito sobre tal obra nesta resenha. Mesmo com sua profundidade emocional, ainda tenho que segurar certas palavras para não acabar com algumas surpresas que a história nos traz, pois é um suspense um tanto fácil de compreender, mas não menos genial. Pois por trás do pano por trás dos atores, há uma verdade muito maior e mais chocante, e que se descoberta com o puxar das cordas se torna aterrorizante.
Por fim, além de uma história de suspense com aquele toque de terror que me surpreende, esta obra retrata como é o amor de uma mãe. Coloca-nos na pele de uma mulher grávida que teme pelo seu filho, que faz de tudo pelo seu filho, até protegê-lo dos perigos que o cercam, desafiando a tudo e a todos a fim de que o Andy ou a Jenny nasça saudável. Esta visão da obra a deixa ainda mais primorosa, fazendo-a um suspense que te prende página por página e levando-o a acreditar naquilo tudo em que a Rosemary crê. E novamente volto à mesma questão: O que uma mãe seria capaz de fazer ao ver seu filho em perigo?
Ps.: Apenas uma consideração aos que já assistiram ao filme. A obra do Roman Polanski (um dos meus filmes preferidos) adaptou muito bem o romance do Ira Levin. Ah, e o livro vai um pouco além do filme, mas não mudando seu final, mas o retratando de forma diferenciada. Mas seja como for, cada visão do final ficou perfeita nas duas obras.
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