São Silvestre 2012

No dia 31 de dezembro de 2012 tivemos mais uma edição da mais que tradicional Corrida Internacional de São Silvestre! E claro que o Entrementes esteve lá para contar tudo para vocês, na pele deste poeta-atleta que vos fala/escreve.
Pelo terceiro ano seguido tivemos uma mudança polêmica. Depois da absurda ideia de se entregar a medalha antes da prova em 2010 e da infeliz ideia de se terminar a prova no obelisco do Parque do Ibirapuera no ano passado, este ano a mudança foi no horário. A competição voltou a ter seu final na Avenida Paulista, só que o horário passou para a parte da manhã, com a largada masculina sendo às 9h.
Foi a primeira vez em 88 anos de história que a São Silvestre ocorreu de manhã, mas particularmente não achei a mudança tão ruim. Além de fugir do calor escaldante das 17h (Horário de Verão, sempre é bom lembrar), esse horário permitiu que os atletas estivessem em casa no horário do almoço ou pouco depois disso, o que é muito bom. E vale lembrar que a esmagadora maioria das provas de corridas de rua ocorre no período da manhã. Sim, a tradição foi vilipendiada, mas isto já havia ocorrido antes, quando o poder da televisão tirou a prova do período noturno.
Esta foi minha quinta São Silvestre, e só mesmo na segunda quinzena de dezembro tive certeza que poderia mesmo correr, pois trazia uma lesão complicada no tornozelo, que insistia em não me abandonar.
Bem, ela não o fez mesmo, mas ao menos decaiu para um nível em que era possível correr sem que a dor me fizesse mancar.
Saímos de São José dos Campos às 5h30 da manhã, mais uma vez no ônibus capitaneado pelo Dutra, veterano corredor que participa da prova há décadas já. Deixo aqui meu agradecimento a ele que sempre abre as portas à equipe Entrementes. Ei, você de SJC que vai pra São Silvestre pagando por ônibus fretado… venha com a gente, sem cobrança alguma!


Chegamos na Avenida Paulista às 7h30, faltando 1h30 para o início da prova. Depois de algumas fotos, já fui ocupar meu lugar na largada, pois como não sabia se ia conseguir correr num ritmo razoável, não queria largar “por último”, como fiz na meia-maratona de SP, por exemplo.
Largamos pela Paulista superpovoada… 27 mil inscritos, fora os que não pagam inscrição, o que dava com facilidade mais de 30 mil corredores. Saindo da Paulista seguimos para o Túnel José Roberto Fanganiello Melhem, que faz a ligação entre a avenida mais cara do país e a Avenida Dr. Arnaldo, para em seguida chegarmos à Rua Major Natanael, numa descida íngreme e perigosa. Joelhos sofrem aqui, mas eu senti foi meu tornozelo baqueado, que incomodou de verdade pela primeira vez na prova.
Já no Km 3, pela Avenida Pacaembu, notei que meu ritmo era normal, não inferior ao do ano passado, e a dor da lesão era perfeitamente controlável. Decidi ali “esquecer” da contusão e não deixar mais ela me pressionar física ou psicologicamente.
No Km 4 tivemos o primeiro e muito bem-vindo posto de hidratação. Peguei duas garrafinhas para reabastecer o tanque, pois sabia que em seguida teríamos a Alameda Olga Olga pela frente, com uma subida curta, de apenas 300 metros, mas muito íngreme.
Depois do Memorial da América Latina e do Viaduto Pacaembu chegamos na Avenida Marquês de São Vicente e ao segundo posto de hidratação, novamente muito bem-vindo.
Só aqui, aproximadamente já no Km 8 e além da metade da prova, comecei a ver as crianças esticarem os bracinhos para tocar nas mãos dos corredores. Adoro essa troca de energia, tão tradicional na São Silvestre.


Aliás,a queda do público assistindo a prova foi notória… não tínhamos sequer a metade das pessoas que iam assistir quando a corrida era na parte da tarde. Compreensível, previsível, mas triste do mesmo jeito.
A subida íngreme do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel é matadora… vi muita gente caminhando neste ponto da prova.
Agora já estávamos na Avenida Rio Branco, passando perto do Monumento a Duque de Caxias. Em seguida, no Km 9,5, chegamos ao terceiro posto de hidratação.
Depois da parte mais travada da corrida, chegamos ao Viaduto do Chá, em seguida à Praça da República e então fizemos a curva no mais poético cruzamento de vias da cidade, o da Avenida Ipiranga com o da Avenida São João, passando em frente à Galeria da Rock, onde claro, soltei meu grito de “Rock n Roll”, fazendo o horns up, como todo ano.
Já no Km12, depois do Teatro Municipal, era hora de passar por mais um posto de hidratação, o mais importante da prova, pois ele antecede a desafiadora subida da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio.
Agora era a hora de gastar as energias restantes… escolhi um ritmo intermediário, nem lento nem muito rápido e o mantive por toda a subida desses quase 2Km desgastantes, mas ao mesmo tempo emocionantes, pois ao chegar ali sabemos que a corrida está quase superada. E é a parte onde a população mais incentiva os atletas a não desistir.
No final da Brigadeiro há o último posto de hidratação da prova, sei que ele é importante para quem sente a subida, mas eu nunca o utilizei, pois depois dele falta menos de 1Km para o final, e pegar água ali só atrapalha o tempo final de sua corrida. Após a chegada tem toda a água que puderes beber, então o negócio é acelerar para terminar o mais rapidamente possível. Foi o que fiz, conseguindo fechar a São Silvestre 2012 em 1h24min, longe de meu recorde mas também longe de meu pior tempo, inclusive sendo 1min mais rápido que no ano passado, o que me deixou bastante satisfeito, já que corri lesionado. Está provado que a adrenalina da prova te faz superar qualquer dor. Claro que o clima ameno ajudou muito, pois a prova foi realizada com temperaturas entre 23 e 27°, bem diferente do calor infernal de quando ela ocorre à tarde e não chove. Minha média de batimentos cardíacos ficou em 172, com um pico de 192 batimentos por minuto.
Devo citar também que além dos cinco postos com água, tivemos também ao longo da prova mais dois especiais, com isotônico, e isso é elogiável.
A nota triste desta São Silvestre foi o falecimento do paratleta Israel Cruz Jackson de Barros, que competia na categoria Cadeirante. Ele morreu após perder o controle de sua cadeira de rodas na descida da Rua Major Natanael e se chocar fortemente contra um muro do complexo do Estádio do Pacaembu. Segundo a organização, ele teria sido prontamente atendido, mas não resistiu aos ferimentos. Deixo aqui minhas condolências à família de Israel, campeão da Volta da Pampulha no ano passado.

Finalizando minha resenha deste ano, vamos aos vencedores da corrida:
O vencedor da prova masculina foi o queniano Edwin Kipsang, com 44min04s. E além da vitória, o Quênia colocou mais dois representantes no pódio, Joseph Aperumoi e Mark Korir, na segunda e terceira colocações, respectivamente. O brasileiro mais bem colocado foi Giovani dos Santos, na quarta colocação.
Já na prova feminina, a vitória ficou com a queninana Maurine Kipchumba (que defendeu o Cruzeiro, na prova), com 51min42s, seguida por Jackline Sakilu, da Tanzânia, e por Rumokol Chepkanan, também do Quênia. A melhor brasileira foi Tatiele Roberta de Carvalho, que fechou na sexta colocação.

Até a São Silvestre 2013, amigos!
Conectando ideias, conectando Corridas de Rua!

DALTO FIDENCIO

nils satis nisi optimum
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“”Sono poeta delle tenebre e della malinconia; ma non piango lacrime, piango poesia!””

DALTO FIDENCIO – E Pluribus Unum

 

 

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