São Silvestre 2019: poeta-atleta presente!

Último dia do ano é hora de estourar champanhe? Bem, pode até ser mais tarde, mas para os amantes de corrida este é mesmo o dia da São Silvestre! Ou $ão $ilvestre como também poderia passar a ser chamada, face à abusiva taxa de inscrição de quase 200 reais…

O Entrementes mais uma vez estava representado por este que vos escreve, em minha participação de número 12! Meu sonho era correr uma vez, nunca pensei que chegaria a tantas…
O kit foi entregue novamente no Palácio de Convenções do Anhembi, e como no ano passado, a entrega foi extremamente rápida e organizada, impossível reclamar da mesma. Mas o kit segue muito simples para uma prova com inscrição tão alta… camiseta branca simples e sequer uma mochilinha para colocar o kit… qual corredor não gostaria de ter uma mochilinha da São Silvestre? Existem outras corridas com inscrição alta também, como as temáticas de Star Wars, Batman, Mulher-Maravilha, RollingStone… mas os mimos que vêm no kit compensam o valor pago. Espero que pelo menos na 100ª São Silvestre, daqui 5 anos, eles pensem num kit digno da importância da maior corrida do país.

Esta São Silvestre para mim teve um ar de homenagem… em várias das vezes que corri esta prova, fui pegar o kit com meu caro amigo José Raimundo Martins, veterano atleta que em 2018 completou 13 participações na SS. Mas no segundo semestre do ano passado o destino foi cruel, um câncer agressivo o levou para correr nas nuvens e ele nos deixou, deixando as pistas de São José dos Campos muito mais pobres e tristes. Corri lembrando dele, e ao cruzar a chegada, olhei para os céus, como que abraçando meu amigo.

A prova desta vez começou 1 hora mais cedo, já que não havia mais o horário de verão, com a largada sendo às 8h05min. Cheguei na Paulista cerca de 2 horas antes, e já tinha um número razoável de atletas por ali. Mas era apenas uma amostra dos 35 mil participantes deste ano!
Me dirigi ao guarda-volumes, que estava no lugar tradicional, numa rua atrás do MASP, e rapidamente já havia guardado minha mochila e já tinha retornado para a Paulista, com muito tempo ainda para  a largada ocorrer. A operação anti-pipocas funcionava a todo vapor, tentando impedir qualquer pessoa que não tivesse o número do peito de adentrar a avenida. Sou contra essa elitização da corrida… quem não tem o dinheiro para pagar a inscrição não deveria ser proibido de correr junto aos inscritos… seu “castigo” é não receber uma medalha ao final da prova, e isso já é mais do que suficiente. Corridas de rua sempre foram, em sua essência, eventos democráticos, mas infelizmente isso está ficando no passado.

Perto do horário da largada, o sol já nos castigava, brilhando forte, o que nos fazia prever uma corrida sob intenso calor. E então foi dada a largada para o Pelotão Geral, sob 27 graus Celsius… temperatura que ainda iria subir!
Com número recorde de inscritos, eu levei demorados 13 minutos para conseguir passar pela linha de largada, e para começar a correr mesmo… só muito tempo depois. Simplesmente a SS se tornou uma corrida de engarrafamento quase full time, por dois motivos: um, o número enorme de atletas, e dois, os inúmeros zumbis de celular, que ao invés de correr, vão para ficar gravando e fotografando a sua participação para postar nas redes antissociais. Quem se inscreve deve ter em mente que a prova tem muito mais de festa que de corrida, para quem sai no Pelotão Geral. É imperativo desencanar e curtir a última corrida do ano pelas ruas de Sampa, mas que atrapalha quem não está nem aí para celulares como eu, isso é fato, e vale lembrar que quer ter sua prova registrada, basta ir nos sites de fotografia que cobrem as corridas.

O percurso já conhecemos bem… além da Avenida Paulista, onde a prova nasce e termina, temos muitos locais marcantes da capital bandeirante, como a Avenida Dr. Arnaldo, a Avenida Pacaembu, a Avenida Rudge, a Avenida Rio Branco, as icônicas Avenidas Ipiranga e São João, o Largo do Arouche, a Praça da República e claro, a temida Avenida Brigadeiro Luis Antônio.
Deixo aqui uma crítica, os postos de hidratação eram em bom número como sempre, mas quase todos os copos d’água que peguei estavam em temperatura ambiente… tudo bem que estávamos sob um calor avernal mas oferecer água pelo menos fria é obrigação da organização, sempre.
Um fato pitoresco… lá no Km14 da prova, perto do final da Brigadeiro, vem aumentando o grupo de bem-humorados que oferecem cerveja aos atletas… logo vai virar tradição pelo visto! Nunca peguei, mas acho muito divertido vê-los dando copos de cerveja para quem aceita.

Esta São Silvestre se tornou histórica pela vitória do queniano Kibiwott Kandie, que numa chegada sensacional ultrapassou o atleta de Uganda, Jacob Kiplimo, no último metro da disputa! E fez mais… o antigo recorde da lenda Paul Tergat, que persistia desde 1995 finalmente foi quebrado nesta edição, por 13 segundos. Agora a marca mais rápida da história da São silvestre é de 42min59s. O melhor brasileiro foi Daniel Ferreira do Nascimento, cruzando em 11º lugar.
Já entre as mulheres, a queniana Brigid Kosgei, recordista mundial em maratonas, venceu com tranquilidade, fechando em 48min54s. O destaque entre as brasileiras ficou com Graziele Zarri, também em 11º lugar.

Prova terminada, última tarefa do ano cumprida, fui pegar minha merecida e suada medalha, que como sempre, era portentosa… nisso a organização não economiza e sempre temos lindas medalhas para guardar como lembrança da participação na maior corrida do país.
E assim o poeta-atleta que vos escreve termina seu relato sobre a Corrida Internacional de São Silvestre!
Sigam-me os bons corredores!

DALTO FIDENCIO
nils satis nisi optimum

Resultados:
Elite Masculina
1º Kibiwott Kandie – Quênia – 42min59s
2º Jacob Kiplimo – Uganda – 43min00s
3º Titus Ekiru – Quênia – 43min54s

Elite Feminina
1ª Brigid Kosgei – Quênia – 48min54s
2ª Sheila Chelangat – Quênia – 50min10s
3ª Tisadik Nigus – Etiópia – 50min12s

Cadeirante Masculino
1º Josenilton Souza dos Santos – Brasil – 53min51s

Cadeirante Feminino
1ª Vanessa Cristina de Souza – Brasil – 44min22s

 

04-01-2020

 

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