Ao perguntar para a pessoa como ela consegue ficar no smartphone e trabalhando ou comendo ao mesmo tempo, ela responde: __ “Eu tenho vida social”.
Vida social é sinônimo de smartphone! Bom, isso é tecnologia e in, digo, evolução. A criatura que apenas gosta de sair e conversar com outros da sua espécie, mas não tem facebook, é um ser sem vida social ou antissocial.
O facebook é um fenômeno interessante, para o mal e/ou para o bem é o depósito de alguma coisa. Podemos definir como depósito de coleta seletiva?
Vemos coisas que é difícil de acreditar, como por exemplo, alguém que já morreu e continua postando seus pitacos. É de levar susto ler a postagem de um fulano morto, tipo mensagem psicografada. Há um imenso obituário no face. A gente vê gente morta o tempo todo.
Pior são as desesperadas selfies, uma infinidade de bocas, com forte batom vermelho fazendo bico. É um sentimento de vergonha alheia ver o ridículo estampado nas faces do face, com o mesmo gesto. E muita gente morre fazendo o sacro ofício da selfie mais emocionante, como ser atropelado por um trem, porque queria estar retratado numa cena com um trem correndo atrás de si; ou caindo no abismo, porque queria o céu por testemunha; Ou devorado por um Jacaré que só estava com fome e a presa era fácil; Ou ainda não socorrer uma vítima, porque a foto ia ficar legal.
Interessantes são os memes que chamam a atenção, principalmente os feitos pelo povo brasileiro, o mais criativo do planeta. Nem bem acaba de acontecer alguma coisa relevante no país e já disparam os memes de todos os lados com as mais variadas abordagens. Alguns memes usam com frequência personagens de desenhos animados ou filmes, como o Travolta confuso, onde o ator (por conta de uma cena onde aparece a cara confusa de Vincent em Pulp Fiction), é usado o tempo todo para expressar os sentimentos do pessoal em relação a algum evento.
São tantas coisinhas miúdas e graúdas, que seriam inumeráveis as citações. No momento, o mais novo e assustador acontecimento observável no facebook são os estupros e suicídios transmitidos ao vivo. Parece filme de terror, mas filme de terror é fichinha perto dessa realidade desgraçada. É assustador ver uma pessoa atirar na própria cabeça diante da tela e no mesmo instante aparecer na sua timeline. Até na hora da morte o pessoal quer aparecer. Credo!!!
2017
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