STAR WARS – OS ÚLTIMOS JEDI (Star Wars – The Last Jedi) TBT

STAR WARS – OS ÚLTIMOS JEDI (Star Wars – The Last Jedi)
De Rian Johnson, 152 min

Star Wars – Os Últimos Jedi
Ficção Científica/Aventura
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Carrie Fisher, Mark Hamill, Daisy Ridley, Adam Driver, Oscar Isaac, John Boyega,
Domhnall Gleeson, Andy Serkis, Kelly Marie Tran, Billie Lourd, Gwendoline Christie, Benicio Del Toro,
Laura Dern, Anthony Daniels, Lupita Nyong’o, Veronica Ngo, Justin Theroux

Nota 5/5

 As letras subindo em scroll, marca registradíssima da saga, marca o princípio de um filme surpreendente, ousado, divertido, emocionante, espetacular e, curiosamente… controverso.
“Star Wars – Os Últimos Jedi” é tudo isso e mais um pouco!
O Episódio VIII veio, sem dúvida nenhuma, para ser um capítulo marcante na saga Star Wars. Heróis e vilões às vezes se confundem, não temos aqui a ideia convencional do bem e do mal como opostos inequívocos, a película mistura os conceitos em uma parte significativa dos personagens, o que faz a narrativa do filme fugir do convencional ao qual estamos acostumados.

Rian Johnson, que escreveu e dirigiu este novo filme, ousou seguir um ritmo diferente do que J. J. Abrams usou no Episódio VII, entregando um filme de identidade própria, mas o fato de trilhar o próprio caminho não o impossiblitou de evocar as emoções e sentimentos da trilogia original. Apesar das críticas de alguns fãs mais xiitas,  “Star Wars – Os Últimos Jedi” em momento algum nega a fraquia a que faz parte.
Os novos personagens são explorados mais a fundo, com uma jornada bem definida, e o interessante é que não é guiada por um único herói. Temos Rey (vivida por Daisy Ridley) abraçando seu destino e buscando  aprender os caminhos para se tornar uma Jedi, os guerreiros da Resistência, Poe (Oscar Isaac) que desta vez ganha mais tempo na tela, tenso seu personagem mais desenvolvido, deixando de ser apenas um ás de X-Wing para se tornar mais humano. Finn (John Boyega) e a novata Rose (Kelly Marie Tran) mostram boa química na tela, além de protagonizar cenas marcantes, uma delas numa cidade em um planeta distante, que mostrou uma muito bem-vinda crítica social. O filme alterna o foco entre os personagens, fazendo uma montagem que lembrou muito o amado Episódio V, “O Império Contra-Ataca”.

Daisy Ridley entrega novamente uma Rey carismática, forte, quase uma força da natureza. Sua atuação é excelente e expressiva, tanto em cenas de ação quanto nas dramáticas, como quando ela fica sabendo sua verdadeira origem. The Force is strong with this one!
Claro que não podemos deixar de citar Adam Driver e seu Kylo Ren/Ben Solo, melhor desenvolvido desta vez.  É o único vilão que realmente é explorado na trama e Driver mostra que sua escolha para o papel foi acertada, demonstrando todo o conflito e dualidade que seu personagem possui. E suas cenas espelhadas com Rey são inspiradas, fortalecendo a trama. Eles se mostram ligados não apenas pela Força, mas de forma emocional, como não tínhamos visto em nenhum filme da série até então.
A Capitã Phasma (vivida por Gwendoline Christie) novamente é pouco utilizada, o que é uma pena. Mas creio que ela vai acabar se tornando o Boba Fett desta nova trilogia… outro vilão que mesmo aparecendo pouco, acabou se tornando cult entre os fãs.
O General Hux (Domhnall Gleeson) é quase irrelevante, usado apenas como alívio cômico, assim como os irresistíveis Porgs, personagens fofos criados apenas para render milhões em produtos licenciados. Mas aqui se tomou o cuidado de usá-los apenas na medida certa, com isso não os tornando irritantes como os Gungans ou os Ewoks.
O Líder Supremo Snoke desta vez aparece em “carne e osso” (se é que podemos dizer isso de qualquer personagem vivido por Andy Serkis), e se mostra poderoso e assustador. Toda a sequência entre ele, Kylo Ren e Rey é simplesmente de tirar o fôlego e já entrou para a história do Cinema.
Outra personagem nova é a Vice-Almirante Holdo, uma das líderes da Rebelião, vivida com destaque por Laura Dern. É dela uma das cenas mais emotivas do longa, em que ela contracena com Carrie Fisher.

E quanto aos personagens antigos… ah, os filhos de Anakin roubam todas as cenas em que aparecem! A General Leia Organa (nossa eterna princesa Carrie Fisher), em sua última atuação, entrega um trabalho visceral, forte e terno ao mesmo tempo. É emocionante vê-la em cena, e triste, muito triste, saber que ela partiu para uma galáxia muito, muito distante. Sua participação é de grande destaque na trama, e tem uma das cenas mais emocionantes da película, de grande reviravolta, e de fazer
esculpir um grande sorriso no rosto. Atuação inspiradíssima.
Já Mark Hamill entrega um Luke Skywalker jamais visto, e aí está uma das razões para o “controverso” na primeira linha desta crítica. Alguns fãs não gostaram nada de ver um Luke muito diferente da trilogia original. Sim, ele realmente está diferente, nosso velho conhecido reaparece mais sábio e menos impetuoso, o que é mais do que natural, pois já faz muito tempo que ele deixou de ser o jovem sonhador de Tatooine. Este é o melhor Luke de toda a saga, ao mesmo tempo sombrio, desesperançado e divertido. Suas cenas vão de engraçadas a mais do que emocionantes, e é dele uma das sequências mais fantásticas do filme, já perto de seu crepúsculo. Aos que não gostaram deste Luke (e entre eles está o próprio Mark Hamill), a melhor resposta é uma das falas dele para Rey: “O que queria que eu fizesse? Pensou que eu ia pegar um lightsaber e sair pela Galáxia enfrentando toda a Primeira Ordem?”

Sobre os dróides, R2-D2 e C3PO são meros coadjuvantes para a nova estrela da família, BB-8, que mesmo que em menor intensidade que o filme anterior, tem grandes momentos.
Não posso deixar de citar a participação pequena, mas de certa forma emocionante de Billie Lourd, a filha de Carrie Fisher, que vive a Tenente Connix, o tempo todo com o penteado que a personagem de sua mãe usava na antiga trilogia. Linda homenagem.

A Fotografia, obra de Steve Yedlin, é soberba em seus tons sombrios, enriquecendo a experiência com jogos de luz inspirados durante toda a trama.
A Trilha Sonora de John Williams dispensa comentários… ela é portentosa desde a primeira nota. Desta vez  utilizando alguns temas novos, obviamente misturados com as músicas antigas, o mestre entregou um trabalho ainda superior ao do Episódio VII.
A Montagem, de Bob Ducsay, como já citei antes, é muito competente e lembra as viradas de “O Império Contra-Ataca”, assim como as guinadas do ótimo roteiro de Rian Johnson, que apresenta cenas surpreendentes com sua câmera acelerada e tomadas incríveis, cortando entre vários planos para ilustrar a interação de Rey com a Força, ou mostrando sequências que remetem à Primeira (as trincheiras rebeldes em Crait) e a Segunda Guerra Mundial (os bombardeiros logo no início da trama).
Johnson se mostra muito corajoso em seu texto e Direção, ele ousou renovar verdadeiramente a saga, não se limitando a mostrar a Luz contra Lado Negro, Rebelião contra Primeira Ordem/Império. Ele preferiu não seguir nenhum conceito previamente estabelecido, o filme tem reviravoltas surpreendentes, dando nó na cabeça do expetador, revelando fatos esperados mas criando outros questionamentos, deixando as definições finais para um outro momento. Este é o episódio da imprevisibilidade, das guinadas chocantes que nos fazem perder o fôlego.

O Design de Produção, de Rick Heinrichs, é soberbo e magistral. Os planetas mostrados, seja a incrível ilha onde vive Luke, o planeta Crait (voltarei a falar dele), ou mesmo o planeta da cidade-cassino, só para citar alguns, mostram a ambição da produção.
O Figurino, de Michael Kaplan, bem… este é um Star Wars, então ele só poderia ser marcante.
Falemos da batalha de Crait: de uma beleza poética, rara de se ver na tela grande, as cenas no planeta de sal esculpem uma pura obra de arte. A cortina vermelha subindo enquanto os speeders avançavam constroem uma metáfora sublime para todo o sangue derramado na guerra. Só esta sequência exuberante já vale o ingresso, de tão magnífica.

“Star Wars – O Último Jedi” é mais do que digno de figurar entre os melhores episódios da saga, é uma obra impactante, que vai ecoar nos confins da galáxia, por muito tempo.
May the Force be with you!

DALTO FIDENCIO
nils satis nisi optimum

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2017

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