Por Barata Cichetto
06/06/2017
Um dia quis ser poeta… Epa… Não, não houve um dia em que “quis ser poeta”. Também não nasci poeta, como alardeiam alguns amiguinhos, apenas para fazer um charminho, se auto promover. O fato é que um dia comecei a ler poesia, contos, bulas de remédio, tratados de filosofia, cartas, e tudo o que aparecia e achei de começar a escrever. Achei que poderia ser bom naquilo. E fui! E assim se repetiu em quase tudo na minha porca existência de quase sessenta anos. E sempre dediquei meu tempo a aprender a ser o que queria, precisava, gostava, etc. E sempre fiz bem tudo àquilo ao qual me dediquei. Fui um bom poeta, muito bom mesmo, disso não tenho duvidas, pois além de conhecer o ofício, tenho apurado senso critico, e sempre me cobro para melhorar. E muito. Exijo sempre muito de mim. E sei que fui bom cronista, artista plástico, editor artesanal, microfilmador, arquivista, projetista de brinquedos e embalagens… E pai, entre outras coisas. Enfim, a partir do momento em que me apareceu a primeira duvida se eu poderia realizar aquilo, me impulsionando ao aprendizado, a querer saber mais e mais sobre o que me propunha, sempre fiz tudo com muito tesão. Eu não nasci poeta, projetista, pai, patrão, porra nenhuma dessas. Mas sempre fui o melhor naquilo que fiz. Disso estou certo. Acham que estou sendo arrogante? Pois que pensem. Minha humildade nunca me levou a nada, a não ser ao lugar onde me encontro, ou seja ao nada.
Há uns dias, um amigo de Facebook me disse que sou um dos caras mais inteligentes que conhece, mas que exagero um pouco na dose de underground. E essa dose, refuto, é por conta de meu isolamento, cada dia mais frequente. Outra amiga, também disse que gostaria que eu fosse, para os negócios, menos sincero. E essa dose excessiva de sinceridade, é por conta de meu posicionamento contra o terrorismo de “esquerda”, cujos homens e mulheres-bomba, são criados igual a ratos em laboratórios de faculdades de humanas, e nas redes sociais. Roubaram minha bandeira. Roubaram minha trincheira. Só resta a dinamite. Não bebo mais. Tenho hetapite. Rinite, Sinusite. Artrite. É… Mas um dia quis ser poeta. E fui. Um dia quis ser amante. E fui. Um dia quis ser pai. E fui. Um dia quis ser artista plástico. E fui. E quis ser mais uma porção de coisas. E fui. E fui muito bom em tudo que fui. Um dia eu quis. Um dia fui. Um dia serei. Tudo mais. E nada!
Um dia, há vinte anos, criei um site cultural com o slogan: “Liberdade de expressão e expressão de liberdade”, mas atualmente liberdade de expressão é algo que não tem mais importância, ou até mais que isso: dizer o que se pensa pode ser considerado crime. Sim, estou em dias de fúria. Há um ano troquei minha poesia por dinamite, depois de trocar por sexo, dinheiro e Rock’n’Roll. Então, não me peçam o coração, que não dou. É a unica coisa que sobrou. Nada dobrou. O dobro ou nada? Não, a vida não me obrigou a ser assim, ela apenas me abriga. Por enquanto. Dinamite nos dentes. Cérebro esparramado na sarjeta. É esgoto. Sim, eu tenho orgulho de tudo isso. Do que fiz, e do que não fiz, não por medo, mas por impossibilidade. Tenho orgulho do que fiz. Mas, que tempo estranho, em que é preciso explicar que ter orgulho do que se é não significa ter preconceito em relação a quem não é igual. Viva a diferença. A dinamite do talento contra os muros do preconceito. Eu respeito as diferenças. Tenho orgulho de ser o que sou. E exijo respeito ao que sou, ao que penso e às minhas diferenças. Respeito é bom e eu tenho. E exijo.
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