Tekoha Porã
Em Guarani, Tekoha Porã quer dizer “Aldeia bonita”
Na cidade de Guaíra, PR tem algumas aldeias indígenas que ficam nos arredores e escolhemos uma para visitar, a “Aldeia bonita” que fica mais perto de onde estávamos. Uma sugestão da Cláudia, a responsável pelo Museu Sete Quedas, que nos recebeu muito bem. Ela avisou a esposa do Cacique pelo celular, de que iríamos até lá. Um grande quarteirão verde, com suas casas de madeira, a fumaça saindo por chaminés, os animais de estimação andando por todo lado e como havia chovido, um barro vermelho escorregadio que cobriu meus pés, os mesmos pés da infância quando atolava no barro vermelho do Norte do Paraná .
E Kunha Poti nos recebeu, filha do Cacique Cipriano e de Selma e nos conduziu até o centro da aldeia onde fica a Igreja, a Escola e a Casa de Reza e depois nos levou para caminhar por toda a Aldeia. Na escola, sua mãe nos mostrou o artesanato, que fazem como uma forma de conseguir dinheiro para sobreviver. Além do artesanato, trabalham com recicláveis. Neste local existem 60 famílias que vivem nas casas de madeiras (uma ou outra de alvenaria) que vão sendo construídas conforme a família vai aumentando.
Eu, como uma pessoa que tem pavor de cachorros, medo de ser mordida por um, na Tekoha Porã, em meio a tantos cachorros não tive medo, pela primeira vez. Senti em todos esses animais um olhar de paz, como o de seus donos. Neste local percebe-se a pureza, sem romantizar, de um povo que ainda tenta preservar a sua cultura com tanta dificuldade. O Cacique estava trabalhando fora, mas quando soube que estávamos lá, veio e trouxe mais alguns artesanatos para que pudéssemos apreciar e comprar. Depois das nossas compras nos levaram até a Casa de Reza, explicando sobre a maneira como cultuam Deus e as lendas que são vívidas em suas vidas. Minha prima estava mexendo em um dos objetos na casa de Reza e foi então que o Cacique contou o que era o objeto e o que significava, foi muito interessante (Vejam no vídeo).
Quando estávamos para ir embora, o Cacique em sua pureza real nos perguntou: – Quando vocês vão voltar? Essa pergunta mexeu comigo, porque a sinceridade, a pureza e a autenticidade mexem de forma intensa os que sentem a mesma coisa. Num momento como esse, meu coração esquenta e lembro do meu pai que dizia que o ser humano é terrível, mas que na mesma proporção existem os que são bons de verdade – só precisa distinguir um do outro. Neste instante da minha vida estava ali, diante dos bons, de verdade.
Eles possuem dois nomes, um em Guarani e outro que é preciso para se registrar. Kunha Poti, também é Claudicéia e é ela que dá aulas de Guarani para as crianças da aldeia bonita.
Estou com o whatsapp dela e vou ensiná-la a dar aulas on-line para ajudar. Quando isso acontecer, vou divulgar e os que tem interesse em aprender o Guarani podem fazer aula com ela…é uma forma de ajudar, quem puder e quiser fazer isso, será de grande valor para eles.
Vou mostrar algumas imagens da aldeia, um vídeo curto feito no celular para que sintam como é estar em meio aos povos indígenas Guaranis, nossos irmãos, nossos pais, nossos avós, enfim, nossos antepassados a quem muito devemos por estar nesta linda Terra de Pindorama que eram deles, completamente.
Elizabeth de Souza
12042022
Realmente, um povo receptivo com muitos conhecimentos culturais a nos passar, que ficaríamos horas a ouvi-lo. Tinha ali tb um bebê recém nascido, provando que sempre haverá alguém a representá-lo mantendo viva a nossa raiz.
Obrigada querida prima, pelo seu comentário. Abração!
Que aventura bacana, Beth. De repente você está num outro mundo. Repito a pergunta do cacique: quando é que você vai voltar?