Tem dia pra tudo e hora pra nada.

Tem dia pra tudo e hora pra nada.

Não suporto esse lance de datas comemorativas de qualquer coisa… respeito algumas, mas sinceramente, acho um tédio eterno. O dia de cada coisa é tão chato e repetitivo, ainda mais nesses tempos de redes sociais, onde todos se manifestam numa chuva de mesmice que enche o saco.
Para não ser tão radical, confesso que gosto do último e do primeiro dia do ano, onde começa tudo de novo e acho isso muito simbólico, gosto do início de cada estação e também dos dias de não sei o quê, que são feriados, porque os trabalhadores e estudantes descansam de suas labutas – fora esses, dia disso dia daquilo é cansativo.

E ontem foi o dia Mundial do Rock e choveu postagens. É o dia que você entra na internet e vai ver isso pra todo lado e todo mundo vai fazer uma postagem sobre o Rock. Gosto de rock e muito, mas nesse dia me abstenho até de ouvir para não dar uma congestão e cair naquele desanimo tedioso das repetições.

Desde 2018 tudo neste país virou de cabeça para baixo com este verme exercendo o poder e transformando tudo em cocô, para o seu bel prazer.  Em meio a tudo isso, teve algo positivo, do meu ponto de vista – pudemos enxergar quem é quem a nossa volta. E esses demônios que gritam enraivecidos sempre estiveram por aqui, bem pertinho da gente, só não havia um representante que pudesse liberar suas saídas dos esgotos, onde se escondiam. Eram obrigados a seguir alguns lances politicamente corretos (concordo que alguns desses, bastante questionáveis que estimularam ainda mais a extrema direita raivosa), que pelo menos freavam essas bestas do apocalipse. Mas com alguém tão tosco e ignorante no planalto central, as bestas odiosas tomaram conta da nossa vida. Mesmo que 30% da população, é demônio demais pra conter e nem  Constantine resolve, porque não consegue dar conta de enviar a legião para o quinto (círculos) dos infernos.

Estarrecida, vi alguns conhecidos meus, rockeiros, metaleiros e outros eiros e eiras sem beiras ou sem euros se manifestando a favor dessa abominação. Fiquei meio que paralisada, afinal, quando pensamos em rock in roll lembramos de revolução, de mudança de comportamento, de não se submeter ao que é raso, de ir contra costumes e tradições ultrapassadas da sociedade, é ser irreverente, etc, e nos deparamos com os eiros reaças e isso foi assustador. Por isso, no dia do rock fico bem quieta, confesso que tenho até preguiça de me manifestar. Alguns, que sabemos claramente, são filhotes da ultradireita, vergonhosamente. Tenho muitos amigos rockeiros que ainda seguem a filosofia do que esse estilo representa, assim como sou fã de muitas celebridades rockeiras, que nunca traíram as ideias originais do rock in roll. Lembrei do dia em que Roger Waters veio ao Brasil e uma cambada de ignorantes ficaram fulos com as atitudes do rockeiro. Eram fãs e nunca entenderam a proposta do músico e as mensagens das suas músicas – vai entender esses sequelados. A música existe para dar vazão aos desejos mais caros de beleza e prazer, assim como mostrar a dor humana latente, buscar o divino e o profano, mas também mostrar toda a indignação diante do mundo com suas injustiças e desigualdades.

E ontem, assistindo o Helder Maldonado (jornalista que admiro e gosto da sua fala e escrita), comentando sobre isso, até me deu um certo alívio porque estava me sentindo sozinha nesses devaneios musicais.

Coloco o vídeo abaixo para que assistam.

Elizabeth de Souza

140722

Sobre Elizabeth Souza 407 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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