Todo um despedaçar
Viver é isso, pedaços pela estrada
Compor uma sinfonia tão desatinada
Esperar em portas que não se abrem
Desaguar em mares alheios e perigosos
Contar pedrinhas nos trilhos do trem
E prender o sapato quando é pra sair
Viver é isso, pintar o asfalto de sangue
Remoer os desaforos lançados a nós
Na maioria das vezes por nós mesmos
Claro, todo viver surge de uma neblina
E se aqueces o coração por um momento
Tenhas certeza que em outro ele esfria
Congela, para, treme, grita, verte dores
Viver é nunca ter certeza de nada
Quando se tem certezas à vida já acabou
É isso: uma abelha tentando retirar néctar
De uma flor de plástico.
Bruno Cena Macedo
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