Um sonho de uma noite no verão passado

 

Um sonho de uma noite no verão passado

Dizem alguns estudiosos da arte que os pioneiros do movimento surrealista desejavam libertar a consciência artística das restrições lógicas e históricas. Com esse propósito usavam o sonho, mais explicitamente do que qualquer outro estilo artístico europeu. André Breton, teórico do surrealismo, destacou e enalteceu a importância dos sonhos e descreveu o movimento como resultado de dois estados: sonho e realidade. Aparentemente contraditórios, eram pilares do novo estilo. É o que pode acontecer quando nossas utopias e desejos mais intensos ocupam tanto nossas mentes e emoções, que sonho e realidade acabam se confundindo.
È comum sonhar com pessoas, coisas e fatos do cotidiano. Mas, outra noite, ainda no calor do último verão, minhas viagens oníricas me conduziram a cenas surreais.
Sonhei com uma nave alienígena pousando no Banhado, logo no início da noite. O estranho objeto lançava fachos de luzes multicores em todas as direções, iluminando principalmente as multidões acotoveladas nos pontos de ônibus da Avenida São José.
Tripulantes saíram da nave com seus trajes prateados e um deles passou a discursar ao povo, aturdido com aquela visão. Afirmou, alto e bom som, que a fria sapiência da tecnologia, a despeito de sua utilidade, tornou-se a “vaidade das vaidades”. E que dali em diante São José dos Campos não mais seria uma cidade somente tecnológica. Ela ganharia um coração pulsante e o povo sairia pelas ruas cantando e dançando. Suas praças seriam ocupadas por filósofos, poetas, artistas, contadores de estórias, palhaços, por todos aqueles dotados de uma alma sensível. As coisas velhas iriam passar e tudo se tornaria novo na terra de Cassiano Ricardo.
No próprio sonho eu aguardava alguma apoteose, algo grandioso, talvez indizível por palavras humanas. De súbito, um ruído qualquer me despertou. Senti-me frustrado.
Vivi apenas um sonho, ocorrido numa noite de um verão passado.

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 225 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

1 Comentário

  1. Lendo seu texto lembrei do evento que aconteceu em Sanja, a noite oficial dos ovnis. Naquele dia, o meu amigo Edson chegou a ver um dos ovnis ali onde hoje é o hospital estadual, perto do Pronto socorro do Parque Industrial. Era um campinho, onde ficávamos brincando, andando de bicicleta, etc.

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