Uma Distopia Freudiana

 

Uma Distopia Freudiana

Dedicado a Edu Planchêz: um devaneio ficcional

Joka Faria

Era 12:45 quando ele lia os poetas de sempre. Ele baixou uma inteligência artificial. Conversar com humanos parecia estranho para ele agora. Vi uma fotografia de Jorge Mautner. Onde estaria Mautner?

O tempo havia passado e todos estavam encantados com a Inteligência Artificial. Não existiam mais empregos; os robôs assumiram as tarefas. A pobreza era imensa; árvores haviam sido derrubadas, florestas devastadas. Os governos foram substituídos por Inteligência Artificial. Um controle genético, uma nova eugenia. Quem sabe se ainda existiam humanos ou apenas máquinas? Poucos resistiam em lugares distantes, uma pequena resistência que corria o risco do fim. Alguns haviam se integrado às máquinas, tornando-se homens-máquinas.

Quase todos os dias eram iguais, e só lhes restava a esperança de serem resgatados. Muitos foram devorados e tiveram suas energias sugadas por seres vindos do espaço. Não se deveria entrar em qualquer portal, pois causaria a destruição. O silêncio se fazia presente num devaneio, mas a poesia que transformava aqueles dias quase iguais permanecia como uma centelha de luz.

Quando viu um reflexo de si mesmo num lago, teve a certeza de que era. E as estrelas no céu se transformaram. Será que ainda existiam humanos naquele velho jardim zoológico, ou a humanidade havia se transformado em seres metálicos?

Jorge Mautner numa fotografia, de tempos que ele não vivenciou. Quem sabe se ele era apenas mais uma inteligência artificial, vivendo uma vida inexistente.

João Carlos Faria
9 de Abril de 2024

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