Vai tomar banho, Cabral!

 

Vai tomar banho, Cabral!

Quando Pedro Álvares Cabral chegou em Pindorama
só para encher o saco e torrar a paciência,
meu antepassado não foi na conversa fiada dele, não.
Ele mostrou uma galinha e meu vovô mostrou um jacu;
ele ofereceu vinho do porto e meu avô, o cauim;
ele apresentou a maçã e meu avô, o caju;
o luso lhe deu farinha de trigo e meu avô, de mandioca;
o excomungado deu um caramelo e meu avô devolveu uma paçoca;
ele ofereceu um trabuco e meu avô, no ato, truco!,
convocou um boitatá e pôs toda a galera para dançar.
A última vez que ele espiou, as caravelas tomavam o rumo do norte,
e o que ficou na lembrança foi que fediam como a morte.

Domingos dos Santos

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