VIVER
Quando abro os olhos, ao despertar pela manhã, instintivamente procuro a janela para ver se o sol já brilha. O sol é a minha referência de vida. Se o dia amanhece nublado, sei que as nuvens são passageiras. Mas, ele está por ali e estará sempre iluminando algum ponto do planeta.
Esse astro me inspira a pensar que, mesmo na minha pobre insignificância, eu e os demais seres humanos somos partes integrantes de uma realidade maior, um processo cósmico que ainda não entendemos. Porém, a limitada condição humana torna a minha vida contraditória. Se creio em alguma “força cósmica”, perfeita, que me acolhe em seus braços, por que me rendo ao sentimento do medo? O que me faz sentir toda essa insegurança diante do desconhecido de cada dia? Isso não acontece somente comigo. Eu sei.
Nossas vidas são um longo esforço para resistir ao desconhecido. Em todos os momentos somos cautelosos, ficamos na defensiva. Inutilmente, pois a vida, de alguma forma sempre nos lança diante de algo surpreendente. Custa-nos entender que resistir ao desconhecido é como nadar contra a correnteza. O sofrimento que isso causa é justamente por tentar fugir ao fluxo natural da vida. Temos a prerrogativa de fazer nossas escolhas, mas nossa margem de livre-arbítrio tem seus limites. A vida é assim.
Viver é uma arte. Não consiste em fechar os olhos à realidade, nem se apegar ao passado e a referências estabelecidas que orientam nossos passos no cotidiano. Não. A arte de viver consiste em permanecer ligado, sensível a cada momento, considerando-o uma experiência nova, talvez única, a ser desfrutada com a mente aberta e receptiva. O oposto chama-se medo, o mais corrosivo de todos os sentimentos. Opinião nascida de minhas reflexões pessoais. Claro, há controvérsias.
Por Gilberto Silos
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