Zorro

Zorro

Por Jorge Hata*

O ano era 1.957. A TV engatinhava, mas já começava a ter mais força. A grande moda eram as novas séries de faroeste, como Maverick e O Paladino do Oeste. Assim, não foi uma surpresa quando os Estúdios Disney resolveram lançar as aventuras do Zorro. Criado por Johnston McCulley, o personagem já tinha passado pelas telas do cinema em várias versões. A mais famosa é com Douglas Fairbanks. Mas, para os amantes do vingador mascarado, é a versão da TV que se tornou a definitiva, já desde o primeiro episódio, escrito e dirigido por Norman Foster. Embora mesmo à época, a história já fosse bem conhecida, a série acabou se destacando por vários fatores que, planejados ou obra do acaso, deram um charme irresistível à produção. A começar pela música de abertura. Apesar da letra complicada ( out of the Night / Wen the full moon is bright … ) depois a direção de arte, que recriava os cenários da Califórnia Espanhola de forma barata, mas muito eficiente. A seguir vinha o humor. Gene Sheldon, como Bernardo, o servo-mudo de Don Diego, que fingia ser surdo para ajudar seu patrão, teve momentos memoráveis. Sempre fazendo mímicas e caretas engraçadíssimas. Mas mesmo inesquecível é Henry Calvin, como o gordo Sargento Garcia,  preguiçoso, desajeitado, aparvalhado e um tanto egoísta, o sargento foi responsável pelos momentos mais hilariantes de toda a série.


O personagem fez tanto sucesso, que os produtores resolveram lhe dar um companheiro, a partir da segunda temporada, o franzino Cabo Reyes ( Don Diamond ), que conseguiu ser mais idiota do que ele. A intenção da parceria: dar mais oportunidade a Calvin de ser engraçado, no contraste com o Cabo, numa relação que lembra muito o Gordo e o Magro.  Outro fator que influiu para o sucesso, foi, com certeza, o ritmo ágil da série, que apresentava um trabalho de dublês extraordinários, criando sequências de ação difíceis de serem encontradas, até mesmo em muitos dos filmes de ação atuais. Indiscutivelmente, a melhor coisa da série era a atuação do exímio esgrimista Guy Williams, no papel duplo der Don Diego / Zorro. Anos antes de decolar para o espaço a bordo da Jupiter II, em Perdidos no Espaço, Guy Williams conseguiu convencer a todos de que era um almofadinha despreocupado,mas com a língua ferina.

Imagem do site: https://d23.com/walt-disney-legend/guy-williams/

E nos convencia mais ainda de que era a própria encarnação da aventura, como Zorro. Seu Zorro não era apenas uma figura heroica que lutava contra as injustiças. Era um garotão que se divertia muito em esgrimir com os vilões e enganar o Sargento Garcia. Sério mesmo ele só ficava quando o pai o chamava de covarde. A impossibilidade de contar ao pai sobre sua outra identidade, deixava Diego transtornado. E esta situação só se resolveria ao final da segunda temporada, quando Don Alejandro (George J. Lewis) confessa ao filho que sabe seu segredo. É um dos momentos mais emocionantes da série. Zorro foi inovador em vários outros aspectos. Seus elaborados roteiros apresentavam histórias que demoravam três ou quatro episódios para se resolver. Havia também a preocupação de apresentar sempre vilões novos a cada temporada. Por exemplo, a primeira temporada foi a do Capitão Monastério. A segunda foi a do Águia e assim por diante.

  • Jorge Hata
    Historiador e colunista na HATA QUADRINHOS

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