A Crise Ecológica e o Canto Navajo

 

A Crise Ecológica e o Canto Navajo

A ameaça de uma recessão econômica em nível mundial é o tema predominante nas mídias. Isso só faz estimular a obsessão pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto. Indicador que mede o crescimento econômico de uma nação).

Crescimento econômico é a maior preocupação dos políticos, quando sua prioridade deveria ser a expansão e a melhoria da qualidade das políticas públicas básicas, como educação, saúde, segurança, etc. É que falta de crescimento do PIB derruba governo e impede reeleição. Simples assim.

Diante dessa realidade, a ordem é produzir cada vez mais, reduzir custos, tornar-se competitivo e conquistar mercados. Questão de sobrevivência, argumentam as lideranças políticas. Argumento formulado à luz da lógica cartesiana.

Entretanto, esse pretendido crescimento esbarra nas fronteiras do que é ecologicamente sustentável. Não há como ignorar os limites que a natureza impõe ao ser humano e a si própria. Os recursos naturais são finitos e não têm como atender as demandas crescentes de consumo.

O mundo ocidental, principalmente, deixou-se fascinar pela visão de mundo mecanicista em que o ideal patriarcal do homem dominando a natureza aparece nas obras de Descartes, Newton e Hobbes. Essa ideia de que o homem e natureza são entes distintos e separados foi levada às últimas consequências. Hoje estamos observando e sentindo seus funestos resultados.

Há uma necessidade de mudança radical de paradigmas. Entender o meio ambiente e suas inter-relações com a vida humana tornou-se uma questão de sobrevivência.

Afinal, o que é o ser humano? O que é o meio ambiente?

Quando perguntaram a Buckminster Fuller (visionário, arquiteto, inventor e escritor norte americano) o que é o meio ambiente, ele não vacilou em afirmar: “O meio ambiente sou eu”.

O que ocorre no mundo e o que nos acontece está em constante relação, quer o saibamos ou não. O microcosmo e o macrocosmo só diferem em tamanho. Nunca estão separados. Somos os dois. São os dois lados de uma mesma moeda, ou seja, um a única realidade, uma Totalidade.

Na natureza tudo está conectado. Tudo está vivo. Só o Todo pode sentir a realidade. Aquela realidade que está em mim e que, ao mesmo tempo, é o mundo. Sem uma conexão constante com essa realidade viveremos sempre em perigo.

Não podemos negar a existência da crise econômica que, como no passado, será superada. Mas, a crise ecológica permanece, porque ela decorre também de uma crise espiritual, interior. Uma de suas manifestações é a falta de apreço pela vida que a Mãe-terra irradia, amor tão necessário como os índios navajos o expressaram neste canto:

“A montanha…Eu me torno parte dela.

As ervas, o abeto…

Eu me torno parte deles.

A neblina da manhã,

As nuvens, as águas que se encontram…

Eu me torno parte delas.

O sol que corre pela Terra toda…

Eu me torno parte dele.

Os ermos, as gotas de orvalho, o pólen…

Eu me torno parte deles.”

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 190 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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