A cruz de ferro

 

A cruz de ferro

“O homem é ele e suas circunstâncias.” (Ortega y Gasset)

O mundo parece viver, como nunca ocorreu antes, um vazio de líderes autênticos. Falamos daqueles capazes de, em meio a crises severas, conquistar a confiança de seus liderados e conduzi-los por caminhos seguros.
Nos tempos atuais, ninguém sabe ao certo para onde caminhar. E quando não há clareza de rumo a seguir, qualquer caminho serve.
Mais do que carisma, o pressuposto de uma liderança legítima são os valores que a inspiram e os ideais comuns compartilhados. Poucos são aqueles capazes de unir pessoas em torno de grandes ideais, sem sucumbir às tentações do ego. Há líderes e líderes.
Esta é uma sucinta reflexão sobre valores, ideais e liderança, feita em relação a “A Cruz de Ferro”, filme de 1977, dirigido por Sam Peckinpah.
O enredo é contextualizado na Segunda Grande Guerra, frente russa, após a derrocada alemã em Stalingrado. Ali a invencível máquina de guerra nazista começa a perder forças. Depois de sucessivas vitórias, as forças alemãs, acuadas pelo exército soviético, começam a recuar até a rendição final em Berlim.
O que é a Cruz de Ferro, título deste artigo? Trata-se de uma honraria militar, medalha física criada em 1813 pelo exército prussiano, inspirada na cruz dos Cavaleiros Teutônicos. Foi usada como condecoração de soldados alemães por atos de heroísmo nas duas Grandes Guerras.
Além das grandes batalhas, o filme mostra também os conflitos pessoais entre soldados e oficiais, empenhados em receber a Cruz de Ferro. Os horrores da guerra expõem as motivações e os esforços de cada um, nobres ou abjetos, para conquistar a honraria. Um é patriota, lutando pelo seu país. Outro quer mera satisfação pessoal. Há aquele que, descendente de nobre estirpe, tem de voltar para casa com a Cruz de Ferro para não ser repudiado pela família.
Nessa disputa afloram os valores de cada um. Um deles, oficial, no exercício de sua liderança, não vacila em sacrificar covardemente a vida de seus comandados para atingir seu objetivo pessoal.
De um modo geral, os filmes de guerra, ao longo do tempo, tornaram-se grandes clichês, perdendo o interesse das novas gerações. Foi uma tema exaustivamente abordado pelo cinema clássico de Hollywood. A Cruz de Ferro, porém, oferece outra perspectiva.

Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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