A decadência humana

A decadência humana

Realmente tudo é relativo nesse “mundo ‘véio’ sem porteira” como diz o caipira. Transitamos em meio as ideias as mais variadas e algumas nos surpreendem, às vezes.

Como diz o meme, “Tá uma mistura de fim de ano com fim do mundo…nem sei que roupa usar”.

Screenshot

Se algo assim fosse dito há 20 ou 30 anos, surgiria opiniões de que a fala é fútil ao se preocupar com o que vestir, com a iminente destruição da humanidade…a preocupação com a vestimenta e a beleza, em seus últimos suspiros, seria medíocre.

Hoje, uma frase debochada diante do desconsolo da incerteza, sem saber se o fim é do ano ou do mundo. Todos estão confusos e indiferentes, que tanto faz se é de um ou do outro, esse fim – perfeitamente plausível. O mundo está tão caótico, que não se tem nenhuma segurança sobre a permanência das coisas. E o que vestir pouco importa, um padrão prestes a acabar, é só mais uma ironia; deixou de ser uma futilidade, para expressar um sentimento profundo de impotência. A espetacularização tornou-se necessária num mundo decadente, para compensar a fragilidade e continuar em pé.

Legal ver e ler memes, criatividade humana intensa, principalmente no Brasil, onde tudo vira meme. As atividades humanas são transformadas em memes, para suavizar, dar graça e rir das desgraças. E as reações, denotam o espírito de cada indivíduo.

No Twitter, postaram um meme muito engraçado, onde alguém fez o print de um diálogo, real ou criado, mas de grande profundidade.

Então, alguém comenta:
“Credo! Que horror! Meu nome é derrota e meu sobrenome é fracassado”

Ao ler o comentário, veio a reflexão: – o que leva uma pessoa a fazer esse tipo de comentário? O que é derrota e fracasso para ela? Seria não sair de casa, pagar aluguel ou ser antissocial?
Cada pessoa tem a sua forma de pensar e seus conceitos a respeito da vida, do ser e do mundo e pode variar de acordo com o meio em que vive. Toda essa bagagem adquirida com o tempo e o espaço, faz ela julgar o mundo que a rodeia, conforme a sua própria vida.

Para alguns, a solitude é um prazer, para outros, um verdadeiro inferno, tornando-se apenas solidão. Para os que amam a solitude, sair com muita gente pode ser entediante e desgastante. E esse tipo de pessoa é capaz de inventar qualquer desculpa para não sair. Isso significa fracasso e/ou derrota? Uma pessoa livre para escolher o que quer fazer, ser e ter é derrotada e/ou fracassada? Uma pessoa que ama sair com muita gente e odeia estar consigo mesma é uma derrotada e/ou fracassada?
Tudo é relativo, nada é absoluto, portanto, designar as coisas dessa forma, é uma opinião rasa, desprovida de reflexão mais aprofundada.

No mundo de MAMON, algumas pessoas podem sentir-se fracassadas e derrotadas diante do glamour das classes mais abastadas. E para não se sentir assim, frequentam lugares em que podem conviver com os que tem muito dinheiro. Como dizem os coachs, andar com ricos para se sentir rico e pensar como rico e não um fracassado e derrotado. É a valorização do TER e não a do SER, nessa sociedade de consumo.

No capitalismo, o indivíduo é considerado um derrotado quando quer vencer e conquistar coisas materiais e acaba que não consegue alcançar essas metas que almejou para si; e fracassado o que não consegue ser bem sucedido ou ter alcançado seus objetivos, nesse mundo consumista. É nesse contexto que aparecem os coachs que ficam ricos apoiando-se na narrativa dos que se submetem aos ideais do capital.

Diante disso, interessante mencionar as comunidades primitivas onde a luta pela sobrevivência possuía grande valor…caçar, pescar e se defender dos perigos, eram consideradas atividades muito importantes, assim como a solidariedade em grupo para preservar a vida de todos. Qual seria o conceito de derrota e fracasso nesse meio? Derrotados pela fome, pela doença ou por um ataque animal? O fracasso viria dessa derrota? E qual seria esse fracasso senão a própria morte?!

Nascer e morrer é uma lei universal e ninguém está desligado disso, mesmo que se tenha uma vida completamente diferente dos povos primitivos. Para estar no mundo é preciso nascer e para sair dele, morrer. E entre esses dois pontos, pode-se adoecer e ter uma vida de dores e sofrimentos; ou pode-se estar/ser saudável e viver plenamente até o fim. Fora isso, tudo é uma grande distração, com vitórias ou derrotas, pouco importa, porque tanto uma quanto a outra, deixará de existir quando se sai deste mundo paradoxal. Não levamos nada material, só restará cinzas. O grande dilema humano: O Nascer e o Morrer. Enfim, tudo é reflexão diante de um pensamento, uma ideia, uma ação e os comentários que fazem sobre isso.

A derrota e o fracasso é NÃO TER ou NÃO SER?
Fica a dica!

Elizabeth de Souza
111124

Sobre Elizabeth Souza 419 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*