A ética do dar

 

A ética do dar

A tragédia sem precedentes que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, foi um significativo teste para o sentimento de empatia e generosidade do povo brasileiro. Em todos os quadrantes do país não faltaram mobilizações no sentido de socorrer as vítimas das enchentes. Doações de todos os tipos ainda são enviadas para minorar o sofrimento do povo gaúcho. Momento oportuno para refletir sobre o alcance do altruísmo e a ética do dar.
Filósofos, poetas, religiosos, já abordaram essa questão.
Walt Whitman, poeta, escritor, conferencista norte-americano, que viveu no século XIX, dizia: “Não me limito a realizar conferências e fazer doações. Quando dou alguma coisa, dou a mim mesmo”.
James Russell Lowell, poeta, diplomata, abolicionista, foi conterrâneo e contemporâneo de Whitman. Muitos o consideram o maior poeta norte-americano de todos os tempos. Celebrou a “ética do dar” em “A Visão de Sir Launfall”. Nesse poema ele enfatiza que as esmolas dadas somente com as mãos, não são verdadeiras: “Inúteis são o ouro e as riquezas oferecidas apenas como um dever a cumprir. A dádiva só tem valor intrínseco quando com ela vem junto o doador”.
Essa questão nunca se esgota. Enquanto houver sofrimento e carências humanas ela será sempre atual, ainda que permaneçam em aberto considerações como a motivação das pessoas a agir de forma altruísta. Uma dessas questões é a ética do “fazer bem” e do “fazer o bem”.
Há pessoas que “fazem o bem” suprindo ou minorando as necessidades materiais do próximo. Há, nesse ato, o mérito da caridade e do desapego.
Outras pessoas, sem doar nada, “fazem bem ao próximo”. E para tanto, basta apenas sua presença, leve, amiga, irradiando empatia. Às vezes uma simples palavra de ânimo ou consolo já é o suficiente; ou até permanecer em silêncio, quando essa atitude se revela a mais apropriada para aquele momento. Talvez esse ser humano especial, que “faz bem” ao semelhante, sequer possua bens materiais para doar. Mas, seu coração é uma fonte inesgotável daquelas atitudes que fazem o mundo melhor.

Por Gilberto Silos

 

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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