Avatar 2 – Uma ocupação bestial

 

Avatar 2 – UMA OCUPAÇÃO BESTIAL

O pior filme brasileiro diz mais sobre nós mesmos, do que o melhor filme estrangeiro
(Paulo Emílio Salles Gomes).

 

 

Avatar, modificou em definitivo o parque exibidor mundial, os cinemas passaram a exibir os filmes pelo sistema digital, com 2k de resolução, em substituição aos projetares de filmes em película. O público nem sentiu a diferença. O recente lançamento do filme Avatar 2, em 2.600 salas no Brasil, consolida a política expansionista norte-americana de ocupação total do parque exibidor brasileiro. Um único filme está sendo exibido em 80% das 3.500 salas existentes no país. É uma aberração!

Data de 1911, a chegada ao Brasil da chamada “Embaixada Americana”, que veio aqui para “estudar” o mercado cinematográfico brasileiro. Até então, a produção cinematográfica nacional contabilizava mais de uma centena de filmes produzidos e exibidos por ano.

Após aquela “visita” e até hoje, o Cinema Brasileiro nunca mais foi o mesmo, termos como: “Cinema de Cavação”, “Ciclo Regionais”, “Chanchada” e “Pornochanchada”, passaram a ser utilizados de forma depreciativa contra o produto nacional, em detrimento do estrangeiro.

Valente, apesar das adversidades, as expressões cinematográficas nacionais, têm sobrevivido, graças a talentos individuais raros e extemporâneos, como: Procópio Ferreira, Grande Otelo, Oscarito, Vicente Celestino, Gilda de Abreu, Dercy Gonçalves, Mazzaropi, Os Trapalhões, Xuxa, ciclos produtivos como os da Atlântida, Embrafilme, Boca do Lixo e mais recentemente, uma meia dúzia de filmes com a chancela “Globo Filmes”, e o fenômeno Paulo Gustavo, ganharam atenção do grande público.

Mais de 80% dos filmes brasileiros produzidos atualmente no país, não chegam as telas dos cinemas, da televisão e dos streamings.

Ainda assim, a indústria do audiovisual brasileira consegue somar dividendos ao Produto Interno Bruto (PIB), mas insuficientes para aplacar o aculturamento da mídia monopolista e do público com relação ao produto estrangeiro, tornando significativa a constatação: O filme brasileiro é um estrangeiro em seu próprio território (Marília Franco).

A exibição do filme Avatar 2, em 80% das salas de cinema existentes, é um acinte a identidade cultural do país, exige imediata tomada de consciência, urge para a criação de uma política pública, para o setor de distribuição de filmes, que funciona como trust, em favor do filme estrangeiro, notadamente hollywoodiana, impedindo que o público tenha acesso a expressões cinematográficas de outros países, e que garanta preservar espaço significativo para o cinema nacional.

Na prática, este tipo de monocultura impede a livre escolha do público. que fica na prática, impedido de acessar outras filmografias e consequentemente conhecer culturais de outros países, além de prejudicar o desenvolvimento do produto brasileiro.

A sugestões de criação de políticas públicas permanente para o setor cultural e em especial o Audiovisual. O Movimento Cineclubista Brasileiro encaminhou ao Gabinete de Transição – Setor Cultural do Novo Governo que assumirá em 2023, que assume a partir de janeiro de 2023, proposições que visam, não só reconstruir, mas, acima de tudo, corrigir este tipo de distúrbio.

Diogo Gomes dos Santos
Cineclubista/Cineasta/Mestre em Estética e História da Arte

Sobre Diogo Gomes dos Santos 11 Artigos
Diogo Gomes dos Santos Diogo Gomes dos Santos, Cineasta, Cineclubista, Mestre em Estética e História da Arte, possui pós-graduação em Estudos Literário, graduado e licenciado em Historia, roteirista, diretor, produtor com vários prêmios nacionais e internacionais. Diretor do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros/Delegado junto a Federação Internacional de Cineclubes.

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