Bomba atômica

Lasciate ogni speranza, voi che entrate” (Dante Alighieri)

“Oh vós que aqui ousais adentrar, perdei toda esperança”

E eu ouvia meu pai contar, assombrado com o seu próprio relato…Dava a impressão que ele tinha vivido tudo aquilo. E sempre em agosto ele lembrava, que naquele dia 6, uma bomba atômica caiu em Hiroshima e Nagasaki. Quando eu era uma criança ainda, todos que falavam desse assunto, mostravam pavor e inconformismo. Afinal foi um acontecimento chocante, inusitado e que dava uma sensação de insegurança constante. O mundo já não era mais o mesmo, era possível uma destruição em massa, causado pelo próprio homem, esse, que dizem ser superior aos animais.
Lembro de tudo isso, apenas para enfatizar, que hoje ninguém mais se assombra diante da inexorável destruição da raça humana e do planeta. Por que? Por que estamos tão passivos diante dos acontecimentos? Por que não temos mais o sentimento de assombro? Estamos tão familiarizados com a desgraça que já não importa mais? Estamos tão desesperançosos que tanto faz? Sei lá, mas nem mesmo o apocalipse assusta, pois vejo que tem muitos que arrumaram um porrete com pontas afiadas, esperando ansiosamente o apocalipse zumbi, para agir como o Rick Grimes, o Daryl Dixon e a Carol Peletier. Uma identificação com a fantasia, que pode rolar. A fantasia, o mito e a realidade convivem no mesmo espaço, misturando-se?!
No dia 6 de agosto de 1945, nos finais da 2ªGuerra Mundial, foi jogada no Japão, pelos Estados Unidos, a primeira bomba atômica feita pelo Projeto Manhattan. Foi atingida as cidades de Hiroshima e Nagasaki com a bomba atômica de Urânio e Plutônio, respectivamente. Primeiro um clarão brilhante e depois um estrondo e muitas mortes (90 mil e 166 mil pessoas em Hiroshima e 60 mil e 80 mil seres humanos em Nagasaki) e consequências irreparáveis para aqueles que sobreviveram a esse ataque desumano e sem igual. Os sobreviventes sofreram com a radioatividade que passou para os seus filhos que vieram a nascer depois da tragédia.

Esse acontecimento grotesco e sombrio no planeta, passa despercebido no nosso século XXI, mas assombrou o século XX.  Mas, estamos sobrevivendo por aqui, com guerras espalhadas pelo planeta, violências e sangue derramando bastante por dia e mesmo assim vamos vivendo. Afinal, fomos feitos para se adaptar, não é mesmo?

Elizabeth de Souza

Para saber mais sobre:

https://brasilescola.uol.com.br/historiag/bombas-atomicas-hiroshima-nagasaki.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeamentos_de_Hiroshima_e_Nagasaki

 

Dante Alighieri
A Divina Comédia
Inferno
Canto III

Per me si va ne la città dolente,
per me si va ne l’etterno dolore,
per me si va tra la perduta gente.

Giustizia mosse il mio alto fattore;
fecemi la divina podestate,
la somma sapïenza e ‘l primo amore.

Dinanzi a me non fuor cose create
se non etterne, e io etterna duro.
Lasciate ogne speranza, voi ch’intrate.

Tradução literal em português:

Por mim se vai à cidade dolente,
por mim se vai à eterna dor,
por mim se vai entre a perdida gente.

Justiça moveu o meu alto feitor;
fez-me a divina potestade,
a suma sapiência e o primeiro amor.

Antes de mim não foram coisas criadas
senão eternas, e eu eterna duro.
Deixai toda esperança, vós que entrais.

 

Sobre Elizabeth Souza 419 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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