Caminho factível com prazer!

 

Caminho factível com prazer!

Por Raul Tartarotti

A imagem dos demônios dos cristãos foi desenvolvida a partir da figura dos sátiros.
Eles foram semideuses da Mitologia Grega e viveram como devassos, libertinos de carteirinha.
A Bíblia sagrada costuma apresentar os sátiros como sinônimos de demônios, principalmente pelo corpo parecido com bodes.
Não que fossem criaturas que promovessem o mal, mas sim pela aparência associada à quem veio para te levar para o inferno.

O escritor Javier Marías conseguiu descrever com poesia uma associação terminal levada ao cabo em seu livro “Assim começa o mal”:
– Não faz muito tempo que aquela história aconteceu, menos do que costuma durar uma vida, e quão pouco é uma vida quando ela já está terminada, e já se pode contá-la em poucas frases, e só ficam na memória, cinzas que se soltam à menor sacudida e voam à menor lufada, que no entanto, hoje ela seria impossível”.

 

Silenus Bêbado apoiado por Sátiros
Anthony van Dyck (1599–1641) (atribuído a)

 

Com os olhos sem maldade, se torna poética uma trajetória humana ao cruzar por uma generosa mente.
O mais famoso dos sátiros foi Mársias, que era uma criatura meio humana com chifres curtos, orelhas pontiagudas, patas de bode e mãos em forma de taça ou de um instrumento musical.
Foi uma divindade grega dos bosques e das montanhas, por vezes também chamado Sileno.
Esse nome lhe foi dado principalmente quando atingia a velhice, ficava barrigudo, feio e andando de burro.
Nota-se que o etarismo já era praticado com ênfase desde bem cedo em nossa existência.

Entre os Romanos, os sátiros eram conhecidos por Faunos, e sua participação nas lendas era quase sempre secundária e pouco decisiva.
Demônios da natureza, companheiros dos deuses, simbolizavam a capacidade criadora dos seres vivos, vegetais ou animais.

Em termos gerais, eram uma mistura de homem, cavalo e bode, variando de acordo com as versões das lendas. No entanto, a expressão “o juízo de sátiro” pode ser vista como uma forma de negativismo ou pessimismo. Quando alguém está constantemente cético em relação à beleza e ao amor, pode perder a capacidade de apreciar a vida em sua plenitude, e deixar de aproveitar as oportunidades que surgem.

A vida perene deve ser compreendida; encontrar o prazer sem azedume faz com que a filosofia exerça uma ginástica objetiva para lhe mostrar um caminho factível, com admiração na maioria de seus momentos.
Compreendido esse capítulo, reza a lenda que a pergunta a ser respondida é por que teimas em manter uma queixa frequente sobre seus dias, por que esperas que somente o amanhã lhe traga a felicidade.
Cuide-se no agora, bem antes que o entardecer lhe mostre que perdeste mais um precioso dia.

Sobre Raul Tartarotti 97 Artigos
Natural de Gramado, Raul teve formação básica em Eng. Biomédica. É cronista em diversas publicações no Brasil e exterior, impressa e eletrônica. Estudou literatura Russa, filosofia clássica e contemporânea. Suas crônicas são de cunho filosófico e social, com objetivo de trazer reflexão ao leitor sobre temas importantes de nosso cotidiano.

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