Deixo flores onde sei que posso!

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Deixo flores onde sei que posso!
Por vezes tão poucos nos olham pra estar juntos e compartilhar suas vidas, que andamos curtos de projetos e destinos, mas a luz nascente desenha caminhos e traça léguas de paixão pela vida, que poderiam ser nossa completude no respirar, porque o sol só vem depois.
Não podemos viver tanto tempo num labirinto estranho e difícil de se mover, é quase impossível se desvencilhar com duas mãos, calejadas pela busca incessante pela paz, ou talvez fuga de uma condenação, como uma sentença de culpa por altos crimes a uma reclusão em regime fechado dentro de nossas próprias entranhas. Descuidar de nós, é a pior coisa que podemos fazer, de um olho grande que pode ser ensinado as menores criaturas, onde se encontram os reis do universo, mas que os homens distantes sabem que se fraquejarem somente o amor de todos pode salvar, num ponto que talvez possa ser uma porta para algum lugar nada amargo. Seguir é o melhor caminho, como se estivéssemos vivos nos enganando e julgando nas esquinas humanas, aprendendo a passar uns anos melhores que antes. Quem somos nós pra julgar dores e amores cruzados nas calçadas pintadas de ilusão, desenhadas de esperança e sonhos, pelos que se arriscam a colocar suas caras á experiência de viver. Mais que amigos e irmãos, chega uma união com pedido de desculpas pra outro escutar, lotado de emoção na expectativa que dê certo mesmo sendo a partir de um brinde saboroso entre mãos lúdicas, porém preenchidas pelo desejo do enlace humano.
Após muito esforço na busca de nós mesmos, quase sempre lembramos dos conselhos e gestos de atenção em voz alta e insistentes de mamãe, ecoando no centro de nossas vidas.
Dela vieram os primeiros passos que nos ensinaram a sair de um momento quase roubado, um lugar que foi concedido direito para poucos. O colo da Mãe.
Essa que nos embalou por tantos minutos, e que pelo sono surgido naqueles braços, pareceu ser uma noite toda de carinho, como o adormecer de Morfeu. Nossas heroínas começam amar seus filhos antes de concebê-los, e entendem a importância do olhar, na vigília permanente e amorosa, e que ainda nos sente em seu ventre, desde quando estávamos lá tentando nos formar gente.
Vivo agora a vontade escondida de querer outra vez o colo e o ombro, únicos que me fizeram sentir emoções muito distintas, e me trouxeram recordações da dor de uma existência. Ela que nos deu educação, pra vencer as batalhas pós-parto, e desde os primeiros passos de um filho, criou um caminho pra que pudesse trilhar com segurança, pra que hoje possa chamar de sua própria vida. Há anos lembro que nesse domingo preciso estar preparado e cheiroso pra levar meu presente bem escolhido pra você.
Nesse dia especial, meu beijo vai pra todas que desejam esse sonho maternal, mas também aquelas sortudas que o vivem todo dia. Se não puder te abraçar não tem problema, deixo as flores onde sei que posso te encontrar com meu olhar e pensamento, lugar de onde você não sairá jamais, junto do meu coração.
Feliz dia da Mamãe.
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Sobre Raul Tartarotti 97 Artigos
Natural de Gramado, Raul teve formação básica em Eng. Biomédica. É cronista em diversas publicações no Brasil e exterior, impressa e eletrônica. Estudou literatura Russa, filosofia clássica e contemporânea. Suas crônicas são de cunho filosófico e social, com objetivo de trazer reflexão ao leitor sobre temas importantes de nosso cotidiano.

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