Em memória de Nélio Fernando

 

Em memória de Nélio Fernando

Meu reino por um PIX? Mas que reino? Não temos reino. Estamos aqui nesta desventura de se viver, com datas de nascimento e um prazo de validade. E algumas pessoas são criativas para o bem e o mal, se jogam na vida e não se entregam a jogos e regras. Vida tão alternativas, tão diferentes e provocativas que se vão de repente.
E o que somos neste universo? Aqui num calor tão louco e insano no início de primavera. E eu tão perdido em afazeres, concursos, estudos, trabalho. E fico sabendo no início de noite de domingo da morte de Nélio Fernando. Um ator, desenhista, pintor, artista plástico. Ele é daqui do interior de São Paulo. Veio para São José dos Campos para servir o DCTA. E aqui fez história na cena conturbada das artes, com suas instituições burocráticas de cultura e suas cenas alternativas.
Nélio conheceu muita gente, entre elas Harley Campos, Solfidone, Edu Planchêz, figuras tão caóticas e criativas. E muito mais gente que precisa se manter a discrição em dias tão politicamente corretos. Nélio vivenciou o teatro em cursos e oficinas. Nélio não era afeito a esta hipócrita correção de uma sociedade decadente. E criou sua trajetória aqui e no Rio de Janeiro, onde explorou novos horizontes. Sempre apaixonado pelas periferias e em sua vida prática tanto no Bairro Campos dos Alemães, periferia de São José, como na Cidade de Deus no Rio de Janeiro. Era um excelente ator que fez inúmeros trabalhos com o diretor Harley Campo e com o ator Edu Gair figura polêmica na cidade. Trabalhou nos Voluntários da Pátria e foi embora em silêncio desta dimensão. Frequentava saraus em São José e no Rio e criava suas polêmicas. Eu fiz um conto há alguns anos de umas dez páginas e mandei para o e-mail do provocações. Mestre Abujamra leu e me respondeu. O conto se perdeu na jangada virtual como nos perderemos no infinito. Um dia não se sabe quando também iremos embora desta dimensão tão caótica e ilusória. E não precisam me mandar pix. Escrevo pela liberdade da escrita. Pois tudo é ilusão. E um dia iremos embora desta dimensão. Viva as artes de Nélio!

Joka Faria
26 de Setembro de 2023

Foto Brisa Almeida

Sarau Poesia no Prato, 2008. Univap centro
Um dos saraus de rua da cidade.
Criação Reginaldo Poeta e Zenilda Lua

2 Comentários

  1. Uma grande tristeza receber essa notícia…tenho alguns materiais dele, mas vou postar em outro momento. Ele sempre estará vivo em meu coração.

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