Entrementes na São Silvestre 2011

Conectando Idéias
Conectando a 87ª Corrida Internacional de São Silvestre 2011

O Portal Entrementes conferiu de perto o evento em Sampa, dessa vez com um novo percurso

Mais uma São Silvestre no curriculum!

Este ano o Entrementes esteve lá novamente… somos como os carteiros, nem chuva nem tempestades nos fazem desistir!
E que chuva… chegamos a São Paulo com uma chuva fraca, intermitente, e seguimos do Parque do Ibirapuera até a Paulista subindo pela Brigadeiro Luis Antônio, o que já me serviu de “reconhecimento” do local que horas depois eu teria que descer correndo. Como nossa chegada ocorreu várias horas antes da largada, pudemos socializar com os corredores na Paulista, onde tiramos várias fotos com os atletas fantasiados. Não são as máquinas de correr da elite que fazem a São Silvestre o que ela é, mas sim os milhares de atletas anônimos que vêm abrilhantar o evento. E este ano o recorde de inscrições foi novamente batido, com a direção divulgando o número de 25 mil atletas… mas eu vi um corredor com o número de peito marcando 25 mil novecentos e pouco… ou seja, foram cerca de 26 mil atletas este ano, isso sem contar os vários que vão sem fazer a inscrição, que é bem salgada.

Novamente fomos no ônibus cedido pela prefeitura, cujo responsável é o nosso amigo corredor de longa data, o Dutra. Desta vez nenhum dos meus amigos com quem usualmente corro em SJC  foi junto, mas tivemos a valiosa participação do colunista Hélder Pereira, com seu parceiro Eddy, na captação de imagens. Mas como o pedestrianismo – apesar de ser um esporte individual – é pródigo para se fazer novos amigos, não é problema algum ir correr sozinho… logo fiz novos amigos.
Vale citar a participação do Maurício, jovem atleta de SJC que esteve sempre conosco no período pré-prova. Foi muito legal também ver o já famoso Castor Meduza, corredor joseense que sempre participa das corridas vestido de Homem-Aranha.

Fomos buscar um lugar no mar de gente da largada quando faltava cerca de 1 hora e meia para a mesma, o que me garantiu uma distância parecida com a do ano passado, em relação ao MASP, que é onde a corrida se inicia.
Curiosamente, quando faltava um minuto para o início, a chuva voltou a nos visitar, com um húmido abraço de “boas-vindas” à corrida. Dada a largada, ao passar pelo MASP eu já estava todo molhado, mas a chuva ainda não era forte, era até agradável. Senti um pouco de tristeza quando não dobramos na Consolação, já que a organização e a prefeitura ignoraram uma tradição de décadas e mudaram o traçado da prova, mantendo a largada na Paulista mas levando a chegada para o Obelisco de São Paulo, no Parque Ibirapuera. E tudo isso apenas por achar que nós atletas atrapalhamos sua querida festa de Virada do Ano, na Paulista. É essa tal festa que atrapalha a São Silvestre, isso sim!

Saindo da Paulista, quebramos para a esquerda, na Dr. Arnaldo e entramos na Major Natanael, pegando depois a Itápolis e indo reto para a Av. Pacaembu. Ali a chuva já praticamente havia acabado, mas o engarrafamento de atletas não… correr a São Silvestre sempre requer paciência por isto, ainda mais com o piso molhado… uma queda ocorrer em alguma tentativa equivocada de ultrapassagem é muito fácil. Uma curva em cotovelo na Mário de Andrade, bastante complicada e depois de volta à Av. Pacaembu, passando sob o viaduto homônimo. Bem legal ver as pessoas lá em cima dando força para nós corredores, vibrando bastante. A participação das pessoas que vão assistir à prova, vibrando e incentivando os atletas, é sempre uma das melhores coisas da São Silvestre. Minha frequência cardíaca estava tranquila até ali, mas meu tempo já não era dos melhores, me levando a ter que aceitar que tentativa de quebra de recorde era apenas sonho. O negócio era apenas terminar bem, de preferência sem nenhuma nova contusão para a vasta coleção que já possuo. Não sei se foi por estar com os óculos embaçados por causa da chuva ou por falha da organização, mas vi poucas placas de sinalização dos Km da prova… isso faz muita falta para o corredor. Mas os postos de hidratação eram em bom número, e não tenho o que reclamar deles,  nem o fato de em um a água estar em temperatura ambiente… fazia frio por causa da chuva mesmo.

Percorremos a Av. Ipiranga e entramos na Av. São João…
”Alguma coisa acontece no meu coração/ Que só quando cruzo  Ipiranga e a Avenida São João…”,  Será que João Gilberto já correu a São Silvestre? Impossível não lembrar da linda “Sampa” neste momento da prova. Passamos pela Galeria do Rock (quando, obviamente, soltei meu grito de “Rock and Roll!”, já que os outros corredores só queriam soltar gritos de futebol), pelo impressionante Teatro Municipal  e pelo Viaduto do Chá… sim, São Silvestre é um pouco de passeio turístico pelos cartões postais de São Paulo também!
Destaque um pouco antes para o posto de distribuição de isotônico… ele é muito bem-vindo!
E então passamos pelo Largo São Francisco e entramos na desafiadora subida da Av. Brigadeiro Luís Antônio. Se fosse até o ano passado, faltariam menos de 3 Km para o final, mas com a mudança, ainda faltavam cerca de 5 Km. Na subida da Brigadeiro, como não podia deixar de ser, tive o pico nos meus batimentos cardícos, chegando a 191… mas nada que me fizesse caminhar. Nunca andei em nenhuma corrida na minha vida e quero me aposentar podendo dizer o mesmo. O problema mesmo era a chuva, que virou tempestade, alagando toda a rua. Vi um atleta cair um tombo feio… espero que não tenha se machucado. Final da subida, era a hora de descer a Brigadeiro agora, pelo outro lado… a chuva conseguiu ficar ainda mais forte, e este corredor míope que vos escreve simplesmente não enchergava mais nada, apenas se limitando a seguir o fluxo os atletas e tentando proteger o joelho frágil com passadas curtas e rápidas. Para minha “sorte”, de tanto afundar os pés na água, o cadarço do tênis esquerdo desamarrou! Fiquei na dúvida sobre o que fazer… tentava ir para perto da guia onde a “inundação” era pior para amarrar o tênis (tentar fazê-lo no meio da pista onde eu estava seria atropelamento na certa) ou ia até a prova desse jeito mesmo, correndo um risco ainda maior de cair? Optei pela segunda hipótese e fui em frente, deixando a minha sorte nas mãos dos deuses das corridas.

Já na Av. Pedro Álvares Cabral, na parte final da prova, os alagamentos pioraram, em qualquer lugar que pisasses seu pé afundava completamente na água… foi um alívio chegar ao Obelisco e cruzar a linha de chegada. Fechei com 1h25, um tempo ruim, longe de meu recorde mas pelo menos não foi o meu pior na SS. A minha média dos batimentos cardíacos ficou em 179, uma média normal numa prova forte como essa.
Depois de terminada mais uma corrida, chegou a pior parte para nós atletas… a entrega da medalha para quem completa o percurso no tempo estabelecido pela organização foi feita num lamaçal, já que a chuva torrencial transformou aquela parte do Ibirapuera num mar de lama.
A pessoa morta de cansaço, molhada até os ossos e ainda sob uma chuva torrencial, afundando o pé no barro para poder receber o que lhe é de direito… “obrigado” organização!
Existe a hipótese do ano que vem o percurso voltar a ser o tradicional, com largada e chegada na  Av. Paulista, mas passando o horário da prova para a parte da manhã. Vamos ver… Mas cá entre nós, esta é uma corrida única, e não importa o que façam para prejudicar a nós atletas amadores, eu sempre irei querer participar desta prova!
Uma pena também que este ano os brasileiros não foram bem, ficando a vitória com os estrangeiros, tanto no masculino quanto no feminino.
Entrementes, conectando idéias… conectando a São Silvestre com você!

DALTO FIDENCIO
nil satis nisi optimum

“”Sono poeta delle tenebre e della malinconia; ma non piango lacrime, piango poesia!””
DALTO FIDENCIO – E Pluribus Unum

Confira a galeria de imagens e os vídeos da São Silvestre:

São Silvestre 2011

Um trajeto novo bem aceito pelo público, uma chuva que encharcou a todos, mas também lavou a alma e a sensação de vitória para corredores e não corredores, resumem a São Silvestre de 2011, mas são insuficientes para descrever a sensação de presenciar um evento como este.

Quando se vê pela TV a São Silvestre aparenta ser uma importante maratona cuja vitória depende do menor tempo de prova e que são três os vencedores. Vendo o evento ao vivo, no entanto, essa visão se torna muito mais ampla e nota-se que a importância da São Silvestre vai muito além disso.

São mais de 25mil vencedores! Cada participante da corrida corre por um motivo, mas fica claro pra quem presencia que todos eles se tornam vencedores a partir do momento em que é dada a largada. Não importa quantos estão a frente ou quantos ficaram para trás, estar ali é uma vitória para todos simplesmente porque aquela não é uma corrida contra os adversários ou contra o tempo, é uma maratona contra os próprios limites. Quem termina a prova, sai da São Silvestre com 15km de puro esforço e mesmo aqueles que não completam a prova saem com aquela expressão de “dei o melhor de mim”.

São Silvestre não é uma competição, é uma festa! Se por um lado temos 3 apenas lugares ao pódio, por outro temos muito mais que 25mil comemorações, pois não são apenas os corredores que saem dali em clima de festa: a torcida vibra a cada pessoa que passa pelo circuito, a cada passo os corredores (sejam Brasileiros, Etíopes, Quenianos ou o que forem) são saldados com gritos, aplausos e assovios. São Silvestre é, mais do que o show da virada, o show que encerra o ano na cidade de São Paulo.

Helder Pereira

Sobre Quênia Lalita 434 Artigos
Quênia Lalita escreve poesia. É ilustradora, tradutora e faz revisão de textos. E mora em São José dos Campos, SP

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