Estranhos e inusitados acontecimentos!

Estranhos e inusitados acontecimentos!

Inspirado no texto de Gilberto Silos “Acredite, se quiser”

Estava eu percorrendo Minas, um estado de gente que acolhe, que sorri e oferece queijos e beijos.
Um lugar de montanhas e ficamos sempre a subir, a subir, a subir.
Estava eu na cidade de Poços de Caldas, onde tem doces gostosos e o privilégio de morar num vulcão, como “O pequeno príncipe”, amigo das raposas velhas ou jovens.
Hum, eu caminhava a pé por toda a cidade e à noite voltava para casa, subindo o morro, porque não tinha um tostão para pagar ônibus. O dinheiro, eu ganhava vendendo meus poemas pelas ruas de Poços e depois entrava num ônibus e ia vender em Machado, Caconde, São João da Bela Vista, Águas da Prata, Guaxupé, Pouso Alegre, Varginha e outras cidades nos arredores de Poços de Caldas. Vendia os poemas o dia todo e à noite ia para um hotelzinho barato, comia e ainda sobrava algum pra pegar o ônibus rumo a outras cidades e para voltar pra casa. Eu vendi muitos poemas e até pensei em viajar por toda a América do Sul, vendendo meus poemas. Ao invés de uma motocicleta, como Che Guevara, iria de ônibus e carona.

Foto: Por Elizabeth de Souza

Mas esse sonho não durou muito e como diz um amigo, “a necessidade faz o sapo pular”. Morar numa cidade que você não conhece bem (ir no sopetão, escolhendo o nome do lugar na rodoviária), sem emprego e precisando de grana pra pagar aluguel, nada vai muito longe.
Saia de casa para vender os poemas pensando na comida e na passagem. E com o tempo, na possibilidade de voltar para São José dos Campos, para meu emprego e a certeza do salário no final do mês. E nessas andanças, muita reflexão, muita apreciação e de vez em quando, muito desânimo. Um dia para cada coisa.
E numa noite quente e com o ânimo lá embaixo, saí caminhando pelas ruas da cidade dos doces, sem dinheiro no bolso, nem para um doce. Os pensamentos fervilhando, pensando em voltar pra casa em São José dos Campos, a terra de Cassiano Ricardo, aquele que impregnaram uma marca meio que fascistoide, mas cá entre nós, os mais belos poemas saíram de suas mãos, mente e coração.
Em meio a tantos pensamentos tumultuados, eis que passa um carro preto, vidros fechados e em alta velocidade. Na calçada, como sempre cuidadosa com os perigos no trânsito. Naquela rua nem havia trânsito (rua de bairro que não passa carro), mas esse carro corria muito. E, inesperadamente, abriu-se uma das janelas e de lá saíram voando contra o vento, muitas notas…dinheiro. Eram tantas, que não dava conta de juntar. O carro foi embora, sumiu no final da rua numa velocidade estonteante, deixando para trás a rua forrada de dinheiro. E ninguém na rua. Não tive como recusar, fui juntando as notas, eram muitas. No dia seguinte, resolvi fazer um passeio até a Terra de Cassiano Ricardo.
Nunca entendi esse estranho acontecimento – eu precisando e uma chuva de dinheiro numa rua deserta, no início da noite. “Acredite, se quiser!”

Elizabeth de Souza

F
Foto vencedora de concurso em 2016 mostra fim de tarde em Poços de Caldas (MG). — Foto: João Batista Blasi/Divulgação
Imagem retirada do site: https://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/pocos-de-caldas-145-anos-conheca-as-historias-por-tras-da-maior-cidade-do-sul-de-minas.ghtml
Sobre Elizabeth Souza 419 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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