Freak Show

Por Barata Cichetto

O espetáculo está quase completo: todos os palhaços sem graça no picadeiro. Os domadores acossados pelos leões. O mágico que não sabe fazer mágica – ilusionista fraudulento. O ventríloco que fala o que o boneco lhe diz. O titereiro manipulado pelo títere. Nesse freak show há anões deformados e todos os tipos de aberrações humanas sendo tratadas como lideres de um circo que não tem jeito de pegar fogo. A lona está podre. As jaulas repletas de tigres banguelos. O circo está podre. Malabaristas que não se aguentam em pé, bêbados. O trapezista não consegue pairar no ar e cai sobre o picadeiro sem rede de proteção. O populacho urra. Ursos famintos devoram o leão que devorou o anão. O espetáculo está quase completo. O bilheteiro aumentou o preço do ingresso. A arquibancada de madeira podre já não aguenta o peso do populacho, espectadores risonhos bisonhos que ainda acham graça em palhaços comunistas com piadas sobre crentes. Não tem saída de emergência no circo. O fogo começou no camarim. Joguem gasolina. Acendo meu cigarro. Aplaudam! O espetáculo está no fim. Não há democracia num circo. Freak Show. O ingresso é um quilo de alimento perecido. Ou um ticket do Bolsa Familia. Não há graça. Só desgraça. Que se faça. A Luz.
18/05/2017

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