Ler Piva e a destruição da educação pública

Ler Piva e a destruição da educação pública

João Carlos Faria ainda é professor.

Na noite, estranhos dias em que boatos falam de terceirização nas escolas. A vida é estranha, quase não temos tempo para a felicidade, só nos sobra as leituras em desktop.
Não tenho palavras para descrever a insegurança nas salas de aulas diante de desgovernos liberais – terceiriza-se tudo até o sentimento, nos sentimos impotentes diante das barbáries, fascistas travestidas em leis de terceirização. Joga-se a educação no fundo do poço da barbárie. O deus mercado de caso com a senhora corrupção tentam acabar com o funcionalismo público e estamos sem reação dentro do ardil do capital.
Piva em pílulas – O que será de nós em 2023, 2024? Creches terceirizadas, possibilidades da educação infantil, terceirização dos professores contratados. O que Roberto Piva, que foi professor do estado, nos diria? Como enfrentar a barbárie dos que foram eleitos e sorrateiramente fazem o mal? Toc toc toc, estamos emudecidos diante de tantos boatos.

Joka Faria
Coletivo estamos silenciados.

 

Pivianas três, 18 de Agosto de 2022

Roberto Piva

PARANÓIA EM ASTRAKAN

Eu vi uma linda cidade cujo nome esqueci
onde anjos surdos percorrem as madrugadas e tingindo seus olhos com
lágrimas invulneráveis
onde crianças católicas oferecem limões aos pequenos paquidermes
que saem escondidos das tocas
onde adolescentes maravilhosos fecham seus cérebros para os telhados
estéreis e incendeiam internatos
onde manifestos niilistas distribuindo pensamentos furiosos puxam
a descarga sobre o mundo
onde um anjo de fogo ilumina os cemitérios em festa e a noite caminha
no seu hálito
onde o sono de verão me tomou por louco e decapitei o Outono de sua
última janela
onde o nosso desprezo fez nascer uma lua inesperada no horizonte
branco
onde um espaço de mãos vermelhas ilumina aquela fotografia de peixe
escurecendo a página
onde borboletas de zinco devoram as góticas hemorroidas
das beatas
onde as cartas reclamam drinks de emergência para lindos tornozelos
arranhados
onde os mortos se fixam na noite e uivam por um punhado de fracas
penas
onde a cabeça é uma bola digerindo os aquários desordenados da
imaginação

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*