Morro dos Remédios

Morro dos Remédios

Por Nunes Rios

 

Morro dos Remédios, pedra dos remédios, trilha dos remédios. No bairro Espírito Santo em Paraibuna encontra-se esta maravilha escondida de nós joseenses. Bairro tipicamente rural e com presença forte de religiosidade na qual a pedra é usada para o rito de reza de praticantes do catolicismo. Valeu pelo 7 Km de trilha perfazendo num total de quatorze km. Se partir da Olaria aí a kilometragem é maior.

Tentaremos da próxima vez subir de carro pelo bairro do Porto, um caminho melhor com menos buracos e dificuldades, por este caminho dá até para ir de carro. Porém o que vale é a trilha a pé mesmo e trilha que é trilha tem que ter sol forte, chuvas, barro, lama, nevoeiro inclinação e  muito cansaço. Trilha que se preze tem que ter dificuldades, tem que ser nervosa, tem que cansar as pernas, tem que ter suador danado, mosquitos, tem que testar os limites físicos do corpo. Tem que exigir pensamento positivo, tem que exigir determinação. Muita das vezes achamos que não vamos conseguir chegar ao final da trilha, que vamos parar na metade do caminho, porém aí é a hora, o momento de superação, de superar limites. Foi assim na pedra da macela, foi assim no morro Santo Antônio, foi assim na pedra do baú, será assim na pedra do remédio, pensei comigo. Três horas de subida, três horas de descida. Isto para ir tranquilo junto com o percurso de carro pode contar quatro horas. Leve lanche, comida, frutas o que você gosta e o que te satisfaça, porém não coma demais por que isto deixará seu corpo pesado e isto irá atrapalhar você. Leve o que comer porque você não encontrará onde comprar, por ser um bairro rural, poucos comércios e o que tem estará fechado. Somente um bar encontramos perto da olaria e que só tinha pinga.

Na estrada que vai para a Capelinha deixamos nosso carro no começo da inclinação da subida. Não seria sábio avançar mais porque havia buracos maiores que a roda do carro. Eram muitos buracos, muitos buracos mesmo. Íamos deixar o carro na estrada porém as últimas notícias de pessoas que põem fogo no carro de trilheiros e montanhistas nos deixou cautelosos. Não se sabe quem comete este crime. Se são fazendeiros que não gostam de trilheiros e montanhistas ou se são pseudos guias de montanha que não gostam de concorrentes e pretende com isto fazer alguma reserva de mercado para si . Ou se são vândalos e pessoas maldosas. Carros ateados fogo, furtados e danificados são sinais de que não somos bem vindos ao local. Pedimos para dois irmãos gémeos para colocarmos o carro no seu sítio que ficava logo de frente para a estrada o que foi aceito de bom grado. No caminho subida e descida que não acaba mais, desprezando duas estradas a direita e uma esquerda; aí sim é subir os últimos morros e chegarmos a Capelinha.

Entretanto não foi fácil chegar a este ponto, pois nos perdemos e pegamos uma outra estrada que chegaria a um platô no qual dá para ver a represa toda, numa visão maravilhosa . Porém este não era o objetivo, pegamos uma estrada depois da reserva da votorantim, reserva esta de plantação de eucaliptos, plantação muito grande, muito grande mesmo. Caminhando pela estrada que as laterais são cercadas pela reserva logo, logo vemos uma família de  saguís que pulavam de galho em galho e olhavam para nós, pareciam assustados principalmente os filhotes que estavam agarrados nas costas de seus pais. São muito lindos estes primatas, este foi um dos pontos altos da trilha.

Na volta encontrei com um trabalhador rural da região que disse que era perigoso depararmos com alguma onça, o mesmo estava sem camisa, com facão na cintura e botas sete léguas. Eu achei meio mito e não me preocupei com isto, não dei ouvidos pois no máximo que encontraria era uma jaguatirica que se não fosse acuada não nos atacaria .

_ Agora fala a verdade, se encontrássemos tal onça, a parda? Que benção seria! Aí sim a aventura estaria completa com estória de onça e tudo e algumas mentirinhas para tornar épica a trilha no mais radical das hard adventures vividas por mim.

Ainda na estrada errada – a estrada do platô lembra? Encontramos um trilheiro de moto que mora na cidade, chamado de Anísio, que por coincidência tínhamos amigos em comum. Anísio é professor de educação física da rede municipal de Paraibuna, incentivador de esportes, nos convidou para uma corrida de maratona da qual ele era o organizador e que aconteceria na trilha dos Remédios numa data próxima, ele disse que subiu várias vezes de bike na estrada, no entanto devido a uma hernia de disco agora só sobe de moto. De fato encontramos muitos trilheiros no local, eu mesmo quase fui atropelado por um. O mesmo nos orientou sobre o caminho correto e  nos deu uma carona de moto até a bifurcação da trilha certa, ora levando um ora levando outro.

No último quilometro e meio muita vegetação e a estrada bem úmida, barro e abrigos na estrada, isto é, pequenas coberturas feitas de eucalipto e bambu armados com cipó. Esses abrigos, com certeza deveriam ser para trabalhadores rurais da reserva para se abrigar de chuvas fortes e torrenciais. É bom lembrar que tem também opção da trilha do platô que não finalizamos devido a falta de tempo e que merece uma segunda aventura. Pedra do Remédio, esta trilha vale por cada minuto que passamos nela por isto indicamos às pessoas .

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