Nasce um Herói – 4º Capítulo.

Por Milton T. Mendonça

A propósito: Quando você me vê eu também te vejo. Quando você me testa eu também te testo. Quando tenta me manipular eu te dou as costas… Não sei o que pensa, mas eu não confio em você.

Aquêmenes Levantou-se e veio em direção ao homem do outro lado da grade. Parou na sua frente olhou-o com desprezo e exclamou:

– Leve-me ao seu rei imediatamente!

O som de sua voz e as palavras incompreensíveis fez o delegado dar dois passos para trás espantado.

– Você é Otomano seu desgraçado!

Respondeu colérico batendo com a bengala na grade mais uma vez. Olhou-o com ódio girou o corpo e saiu do cubículo onde fora construída a cela se dirigindo á prefeitura.

O prefeito estava ao telefone conversando com a capital quando o delegado entrou no gabinete.

Com gestos afobados pediu para falar com urgência.  O prefeito de má vontade pediu licença ao seu interlocutor e retirou o fone do ouvido dando atenção ao homem á sua frente.

– O prisioneiro é Otomano! Precisamos de um intérprete para poder interrogá-lo.

O caudilho olhou-o sem entender.

– Como? Quem é Otomano?

– O primo da Dª Elisa…

– Não é possível!

Exclamou horrorizado e voltou ao telefone pedindo desculpas antes de desligar mal humorado.

– Como é possível isso?

Perguntou se levantando e colocando as duas mãos sobre o tampo indignado.

– Ele não entende nosso idioma… E nem eu o dele.

– Vamos ver isso…

O prefeito contornou a mesa e, juntos saíram do gabinete retornando a cela.

Ao vê-los chegando Aquêmenes levantou-se e se aproximou da grade.

– Quero ver seu rei imediatamente!

Exclamou se dirigindo ao prefeito que o mirou embasbacado.

– Você entende meu idioma?

Perguntou da maneira mais gentil que conseguira na esperança de se fazer entender.

– Leve-me ao seu rei imediatamente!

Voltou a repetir o pedido.

– Precisamos de um interprete realmente. Enquanto ele não chega traga-me Elisa. Ela tem muito que explicar.

Falou ao delegado sem se voltar ou tirar os olhos do homem do outro lado da grade.

O delegado lentamente seguiu em direção a porta. A dificuldade em caminhar mesmo se apoiando na bengala era evidente.

– Sem violência!

O prefeito exclamou firme as suas costas antes de vê-lo desaparecer do seu campo de visão.

– Quem é você?

Perguntou suavemente.

– Sinto uma força estranha emanando de sua pessoa. Uma postura de comando e uma voz de autoridade inexistente entre as pessoas comuns. O que faz na minha cidade?

Aquêmenes nada entendera, mas percebera que estava frente ao líder daquele povoado. Aproximou-se até quase tocá-lo e respondeu o que pelo seu tom de voz imaginou ser uma pergunta.

– Não lhe desejo mal apenas quero voltar á minha terra. Liberte-me e Ciro será benevolente com o seu povo.

Ficaram se olhando em silêncio por algum tempo antes do prefeito deixá-lo e sair do cubículo estranhamente preocupado. Foi à prefeitura e chamou o alto comando da capital.

– general!

Exclamou ao ser atendido.

– Precisamos de um intérprete capturamos um Otomano.

– Sim! Está em nossa prisão, mas não podemos interrogá-lo.

– Está certo, senhor. Ficaremos esperando.

– Até logo.

Sentou-se na poltrona seriamente preocupado. Seu instinto zunia como um alarme.

Elisa estava sentada na sala. Havia chorado tudo que podia, mas continuava com o aperto no coração. “Como explicar sua mentira? Isso não o salvaria, por certo”. Afirmava para si mesma categórica.

– Aquele  imbecil o matará com seu ódio irracional.

Murmurou e socou a mesa com raiva.

Ouviu o barulho do portão se abrir e correu á janela na esperança de vê-lo entrando, mas deu de cara com o delegado e dois soldados se aproximando da porta. Esperou ouvir o som da batida antes de abri-la e olhar séria para as visitas.

– Queira nos acompanhar, senhora!

O delegado ordenou peremptório.

– Estou sendo presa?

Elisa perguntou tensa.

– Ainda não. Queremos que nos acompanhe para  ajudar a resolver um dilema.

– Dilema? Que espécie de dilema?

– Acompanhe-nos sem perguntas. Será esclarecida no momento oportuno.

Os soldados agarraram seus braços e puxou-a fazendo descer os dois degraus a colocando no mesmo nível em que estavam.

– Deixe-me!

Exclamou zangada sacudindo o corpo.

– Vou fechar a porta…

– Pode deixar sargento. Ela não vai criar problema.

– Não é, senhora?

Elisa não respondeu apenas olhou-o furiosa saindo pelo portão com passos firmes.

A secretária  colocou a cabeça para dentro do gabinete chamando a atenção do prefeito que estava em sua cadeira com os olhos fechados, meditando.

– O tenente Arnaud quer uma audiência.

Anunciou imprimindo urgência na  voz.

– Mande-o entrar.

Ordenou e se ajeitou fingindo ler alguns papéis que estavam sobre a mesa.

O tenente entrou no gabinete e cumprimentou-o da maneira marcial: Com a continência após perfilar.

– Pois não tenente. O que o trás ao meu gabinete em um dia especialmente problemático. Espero que traga boas notícias.

– Os homens que encontramos mortos na mata não são inimigos. Fazem parte de nosso contingente.

– Como? Somente agora me diz isso?

– Estávamos esperando os homens chegarem das montanhas. Estamos construindo um ponto de observação para vigiar a costa como o senhor sabe. E o batalhão das vítimas ajudava na construção. Alguns homens já os havia identificados, mas a certeza somente veio agora a pouco.

– Está certo tenente. Obrigado sua informação foi muito útil.

O homem uniformizado deu meia volta e saiu da sala. O prefeito assim que o viu pelas costas bateu a mão na testa e voltou a cadeira para a janela.  Observou o jardim que mandara construir e fechou os olhos, extenuado.

O delegado chegou entrou em sua sala sentando-se na mesa. Ordenou que Elisa entrasse e se sentasse no banco encostado á parede. Passou a mão nas pernas fazendo uma carranca de dor e olhou a moça, lívido.

– Sargento!

Chamou alto. Assim que viu sua cabeça na porta ordenou.

– Avise o prefeito que a traidora está aqui.

Elisa ao ouvir suas palavras deu um pulo.

– Como? Traidora? Que história é essa, delegado?

– Sente-se se não quiser que a coloque a ferro… Sargento vá logo.

Minutos depois o prefeito entrou afobado na sala do delegado.

– Podemos conversar um minuto, delegado?

Chamou-o para fora do cubículo.

– Os soldados mortos são dos nossos.

Falou rápido.

– O problema pode ser muito maior do que imaginamos. Eles podem ser espiões.

– Espiã? A Elisa? Ora prefeito!

– Sim eu sei que soa estranho, mas o homem não fala nosso idioma e chegou aqui provavelmente com aquele barco solto no mar por um U-Boot. Podem estar planejando um desembarque em nossa praia. Daqui até Paris são poucos quilômetros que podem ser percorridos em algumas horas em marcha forçada ou veículo de guerra. O tradutor deve chegar a qualquer momento…

Falou rapidamente imprimindo ansiedade em seu relato.

– Vamos ver o que Elisa tem a nos dizer.

Entraram na sala e Elisa perscrutou o rosto de ambos na esperança de captar alguma informação.

– Sabemos que o prisioneiro não é seu primo!

– Pode nos explicar porque mentiu?

O delegado acusou-a sem deixar duvidas.

Ela não disse nada.

– Sabemos que foi ele quem matou os dois homens na mata.

– Vocês são espiões?

– Não! Eu amo meu país…

Elisa levantou-se de um pulo com a acusação e se debulhou em lágrimas.

– Então porque tentou encobrir um inimigo?

– Vocês não compreendem…

A mulher continuou chorando com as mãos no rosto.

O prefeito se aproximou vagarosamente e falou suave:

– Queremos entender, Elisa. O general Focaul está chegando a qualquer momento e provavelmente mandará fuzilar ambos se não tivermos algo consistente para lhe dizer…

– Você compreende?

– A verdade é a solução de muitos problemas, Elisa.

Falou as últimas palavras e se voltou afastando-se.

– Ele me salvou!

Exclamou depois de alguns segundos de silêncio

– Salvou? Salvou como?

O delegado perguntou seco.

– Aquele dois homens tentaram me estuprar.

– Como? Tentaram o que?

– Naquela noite estava atrás de um terneiro fujão quando fui agarrada por dois soldados e arrastada para o mato. Aquele homem apareceu de repente e me salvou. Não podia deixá-lo ao deus dará… Fiquei com medo que fosse enforcado. Somente depois percebera que não era aliado…

– Você está dizendo que ele prejudicou sua missão para salvá-la… Uma inimiga?

– Não me pareceu que tem missão nenhuma!

Exclamou zangada.

– Como chegou até aqui?

– Não sei! Não entendo o que ele diz.

– Veio pelo mar é certo.

O prefeito quebrou seu silêncio aliviado com o que acabara de ouvir.

– E aquele bote? Nunca virá material tão… Exótico. Se o inimigo tem aquela tecnologia precisamos colocar a barba de molho.

O delegado olhou rapidamente para o prefeito e depois se voltou para Elisa. Passou a mão no ferimento do rosto e resmungou.

– Ele é um homem de guerra isso não tenho duvidas.

– Volte para casa e não saia até liberarmos. Ainda existe muita coisa a ser explicada.

O prefeito ordenou levantando a mão para o delegado que ameaçou dizer algo.

– Vá! Vá!

Expulsou Elisa que se levantou e saiu rapidamente sem olhar para trás.

– Porque a deixou ir?

– O que disse faz muito sentido para mim. Além do que conheço Elisa desde criança e nunca demonstrou ter qualquer ideologia. Seu único familiar, que é seu irmão, como sabe esta no front. Não creio que ela o deixaria ir caso fosse uma espiã. Responsabilizo-me por ela está bem delegado?

– E o que faremos com o prisioneiro?

– Nada. Vamos esperar o general ou o interprete… Quem chegar primeiro. Depois decidiremos se ainda for de nossa alçada. Quando o homem chegar não teremos mais poder de decisão sobre qualquer coisa referente a guerra.

– Está bem.

Aquêmenes estava angustiado detestava ficar confinado. Andou de um lado para o outro como um leão na jaula. Não entendia a demora em levá-lo ao rei. Todos sabiam o interesse de todo soberano por qualquer novidade sobre seu reino. O conhecimento sobre o que acontecia era a diferença entre a vida e a morte.

A estratégia de qualquer líder era reservar a quarta parte do tesouro real para pagar olheiros. Ele devia saber de sua presença então porque a demora em mandar seus lacaios vir buscá-lo.

Essa era a pergunta que martelava seu cérebro.

O interprete chegou ao cair da tarde. Foi recebido pelo prefeito e lhe entregara o envelope fechado com a ordem para enviar o bote á capital para ser analisado. Junto com a ordem o general Focaul informava que não poderia se transladar no momento para aquele sitio porque sua presença era requerida em outro lugar onde problemas mais urgentes precisavam ser resolvidos. Acompanhava o relatório da inteligência onde informava que não havia qualquer indicio de atividade do inimigo naquela região agora ou no futuro próximo.

Acompanhava o intérprete algumas dezenas de homens e uma ou outra peça de artilharia para manter a segurança.

O tenente o acompanhava e se colocou as ordens para iniciar o interrogatório. E pedia autorização para desmatar o local onde pretendia montar as barracas de campanha que serviriam como alojamento para os soldados.

Resolvido todos os detalhes o tenente se despediu com as formalidades marciais deixando o interprete, a pedido do prefeito.

Elisa voltara para casa entristecida com os acontecimentos.

– Espião?

– Será mesmo um espião?

– Então porque me salvou?

Perguntara-se diversas vezes.

Fora até o quarto onde passara a noite e revirara suas roupas sem nada encontrar. As jóias que usava estavam jogadas displicentemente sobre o móvel. Pegou-as uma a uma e rodou entre os dedos sentindo sua textura e brilho.

– Não é possível que seja falsa!

Exclamou perplexa.

Observou mais de perto o tecido da roupa e do turbante e achou estranho.  O linho tinha uma trama elaborada e enfeitada com fios finíssimos de um dourado que refletia a luz como metal… Como ouro.

– Não é possível!

Exclamou espantada.

O prefeito ficou em silêncio por algum tempo antes de perguntar de supetão:

–  O senhor já esteve no oriente. Conhece sua cultura localmente?

– Sim senhor. Morei alguns anos em Bagdá. Antes de a guerra eclodir é lógico…

– Esse homem…

Parou e refletiu antes de continuar.

– Esse homem tem uma postura que me confunde. Antes da guerra fui um psiquiatra bem sucedido e entrei para a política apenas para manter essa bela cidade fora do conflito… Mas parece que não adiantou muito.

– Como estava dizendo: Quando praticava a psiquiatria elaborei um estudo sobre a mente  e seu reflexo na postura do individuo.  Estava somente nas preliminares, mas já conseguia perceber, em meus pacientes, um caminho para solucionar seus conflitos.

– Esse homem tem uma postura de líder. Mas ao mesmo tempo não se adapta dentro de minhas observações… Essa peculiaridade derruba totalmente minha tese. Ou o fato de não compreender sua cultura e seu idioma me faz interpretar erroneamente seu comportamento. Sinal de que a mente depende da cultura e não é um motor autônomo como quero acreditar… Enfim isso me deixou muito confuso.

– Gostaria de conversar com ele imediatamente se o senhor não se importa.

– Claro, claro vamos lá.

Levantaram-se e se dirigiram á cadeia em silêncio. Cada qual imerso em seu pensamento.

Abriram a porta e entraram no cubículo encontrando o delegado confabulando com o sargento. Ao vê-los dispensou rapidamente seu subordinado e recebeu-os solícito.

– Viemos conversar com o prisioneiro… Esse é Mateau nosso interprete.

Cumprimentaram-se e logo após chamou os dois soldados pedindo que colocasse Aquêmenes a ferro e o trouxesse para interrogatório.

Aquêmenes aceitou as algemas tranquilamente pensando que finalmente seria levado ao rei local. Os soldados esperando violência se surpreenderam com sua atitude e não o agrediram como havia decidido Levando-o para o interrogatório desperto e em bom estado de saúde.

Entrou na sala ereto e observou os homens de maneira arrogante.

– Onde está seu rei?

Perguntara firme enchendo a sala com o som gutural de sua voz.

– Leve-me até ele e poderá contar com a benevolência de Ciro, meu rei e irmão de criação.

Os três homens ficaram olhando-o sem entender. Quando o silêncio retornou o prefeito se voltou para o intérprete e perguntou:

– O que ele falou?

Mateau ficou mirando o estranho confuso por algum tempo antes de responder.

– Não sei. Esse homem não é da região média do oriente. Sua língua, apesar de ter a mesma raiz não é nenhum dialeto que conheço. E sua cor e feição também não combinam com os homens da região. Preciso de tempo para estudá-lo.

– Se entendera direito ele falou algo sobre Ciro… Ciro foi o rei mais poderoso da Pérsia em um momento da história… Mas foi centena de anos antes de Cristo.

Deixe-me sozinho com ele por algumas horas e solucionarei esse caso… Ou então.

– Então?

O prefeito perguntou enérgico.

– Esse homem não é de onde pensamos… Precisaremos de outro intérprete.

– Certo, certo!

– Delegado coloque um guarda na porta e vamos deixá-lo trabalhar.

Os dois homens abandonaram o recinto fechando a porta atrás de si.

Mateau sentou-se na mesa e pediu com gestos educados que Aquêmenes se acomodasse na cadeira a sua frente.

– Não sei quem é você meu amigo e nem de onde vem, mas juro que gostaria muito de ajudá-lo.

– Quero ver seu rei!

Aquêmenes ao ouvir as palavras de Mateau exclamou suavemente repetindo a delicadeza de seu interlocutor.

– Ciro!

O interprete exclamou depois de observá-lo alguns segundos.

– Sim Ciro! Meu irmão recompensara seu rei com amizade e tesouros incalculáveis se me libertar.

O interrogatório atravessou a noite e alcançou a madrugada. Quase próximo ao amanhecer o delegado acompanhado do prefeito adentraram ao cubículo em busca de novidades. Aquêmenes voltou à cela deitando-se no catre disposto a dormir enquanto os três homens confabulavam na sala ao lado.

– Infelizmente o que tenho para dizer não vai satisfazê-los.

O intérprete anunciou cabisbaixo.

– O que o senhor quer dizer com isso exatamente?

O delegado perguntou ríspido.

– Não consegui identificar o idioma ou dialeto do prisioneiro.

Pegou o caderno de anotações.

– Ele falou algo sobre Ciro… Irmão… Tesouro. Identifiquei algumas palavras pela raiz, mas posso estar errado. Repetiu muito a palavra rei irmão e Ciro, mas não consegui montar uma estrutura compreensível. Precisarei de no mínimo seis meses para conseguir traduzir com o mínimo de certeza.

– Seis meses! Não podemos esperar seis meses.

– Tenho outra idéia. Conheço um especialista em línguas mortas e dialetos arcaicos daquela região. É um arqueólogo docente da universidade de Montpellier. Atualmente está assessorando o ministério da guerra. Parece que foram descobertos artefatos naquela região pelos soldados que construíam trincheiras. Não sei se está no país ou se ainda se encontra no local das descobertas… Podemos chamá-lo.

– Qual é seu nome?

– Salomon Eiser. Dr. Salomon Eiser.

– Certo! Vá dormir um pouco que entrarei em contato com o quartel general. Vamos ver o que podemos fazer…

Mateau se apresentou ao prefeito por volta da hora do almoço e a noticia que recebera deixou-o animado. Seu colega estava no país. Voltara a pouco mais de dois dias trazendo milhares de fragmentos e muitas anotações sobre a descoberta. A sociedade arqueológica estava em festa. Há muitos anos não havia uma descoberta tão relevante quanto aquela. Fora convidado a acompanhar o delegado no carro cedido pelo prefeito para buscá-lo e isso o agradou bastante.

Seguiram viajem no início da tarde logo após o almoço chegando à capital quando o último raio de sol se despedia do dia. Conseguiram o endereço com a ajuda de seus contatos no ministério da guerra e seguiram para a residência onde fora anunciado e recebido com grande alegria.

Após o fausto jantar oferecido pelo anfitrião se retiraram para a biblioteca. Quando Saboreava o xerez e o charuto cubano refestelado no sofá de couro foi que o assunto veio à baila. A pergunta surgiu disfarçada fingindo desinteresse.

– Estou sabendo que você está trabalhando fora da capital. Algo interessante…

– Estamos com um prisioneiro indecifrável na cadeia da cidade onde estou prestando serviço

– Indecifrável?

– Seu idioma pertence a região do médio oriente, mas não consigo decifrá-la.

– Você, meu amigo, não consegue decifrar um idioma da região onde enterrou seu coração?

– Pois é. Apenas a raiz pertence à região… Imaginei que talvez seja uma língua arcaica.

– Não existe povo perdido no Saara. Então seria pouco provável encontrar um indivíduo que somente conhecesse algum dialeto arcaico.

– Gostaria que você desse sua opinião. O mistério é digno da viagem.

– Acabei de chegar do Saara… Acredito ter encontrado o último palácio de Nabucodonosor. O palácio que Ciro tomou na invasão á Babilônia.

– Interessante. Rei Ciro. O prisioneiro não cansa de clamar por Ciro…

– Descobrimos uma inscrição na parede da fortaleza que menciona uma grande explosão e o sumiço do meio irmão de Ciro que subiu aos céus levado por um veículo espacial ou pelo deus Ormuzd ainda não sei.

– Veículo espacial… Você não acha um pouco demais?

– É… Deve ser alguma lenda local ou a tentativa de explicar algum assassinato misterioso. Tenho muito trabalho pela frente.

– Venha conosco e aproveite para descansar… Tudo ficará mais transparente na volta.

Solomon tomou um gole do xerez e saboreou-o pensativo. Logo após tragou o charuto de vagar soltando a fumaça para o alto antes de olhar para os dois homens sentados expectantes á sua frente. Sorriu e movimentou a cabeça para frente e para trás.

– Está bem vou dar uma olhada nesse biruta.

Continua no próximo capítulo…

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