O incrível Baile de Ettore Scola

 

O  INCRÍVEL  BAILE  DE  ETTORE  SCOLA

Com a morte recente do coreógrafo Stanley Donen, aos 94 anos, o mundo do cinema perdeu o mais famoso de seus diretores  de  musicais.

Esse gênero cinematográfico teve grande aceitação até o final da década de 50, quando começou a perder público. Hoje, é raro  alguém produzir um musical.

Agindo na contramão, em 1983, o premiado diretor italiano Ettore Scola  fez uma experiência originalíssima. Dirigiu  o filme O BAILE, um musical de 110 minutos, sem diálogos, onde a música, a dança e a mímica, contam a história contemporânea da França e seu desenvolvimento social e cultural, de 1930 a 1980.                                                                                                  Num salão, vários casais dançam músicas  coreografadas de acordo com o ritmo e estilo de cada época. Cada um  representa uma história de vida e um tipo psicológico diferente. Os figurinos, a decoração do ambiente, as expressões dos dançarinos, lembram os  vários momentos vividos pela França  nesses 50 anos: Em 1936, a Frente Popular dando força à classe trabalhadora; 1940, a  ocupação nazista e as mulheres dançando entre si porque os homens foram para a guerra; em 1946, no pós-guerra, a influência da cultura americana; em 1956, o rockn´roll invade a França;  em 1968, o ano que não terminou,  a revolta dos estudantes nas ruas de Paris; nos anos 70 a revolução sexual, e no final a  contagiante música discothèque ou disco music.

O BAILE permite diferentes interpretações. Pode ser entendido como uma poesia visual; para uns ,uma aula de cultura e sensibilidade; para outros , uma narrativa histórica por meio da arte; ou então uma forma inovadora  de fazer cinema. Para muitos, uma viagem no tempo sem sair do salão; talvez apenas um musical interessante. Para quem gosta da arte no seu  significado mais amplo, O BAILE é uma obra para se degustar. Um filme mágico.

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 225 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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