O poder de um sorriso
Baseado em fatos reais em 11 de janeiro de 2022.
Por Rogério Rodrigues
No último dia 10 de janeiro, acordei com mil planos na cabeça. Alguns, até entusiasmado, pois acabara de passar para o papel três composições de minha autoria. Estava empolgado, pois percebia que daria vida a mais três obras. Desta vez, musical.
Algo veio acabar com o meu dia, bem no findar da noite. Era por volta das 20h40. Horário acostumado buscar minha esposa do serviço. Cheguei ao posto de gasolina, com saldo positivo no meu cartão e por erro de sistema, meu cartão não foi aceito. Fui obrigado a deixar o meu celular de garantia para na volta quitar a dívida com outro cartão.
Nesse posto de gasolina eu era cliente desde novembro de 2018…
Voltei irado pra casa. O erro não era meu. Cliente antigo, o posto poderia de alguma forma minimizar a situação da qual não obtive amparo do estabelecimento.
Voltei no dia seguinte para conversar com o gerente. Alegou ser comum acontecer aquele tipo de falha no sistema. Prometi nunca mais voltar a ser cliente deles e procuraria o meu direito de consumidor por senti constrangido ao público pela situação.
Voltando a história minutos antes de ter retornado no dia seguinte para conversar com o gerente do posto, dei uma passada no PEV que fica atrás do cemitério do Jardim Morumbi.
Aquele exato dia era o dia da coleta seletiva do bairro onde moro. Esqueci de colocar o lixo para o caminhão levá-lo embora. A fim de corrigir do erro, resolvi conduzir em única caixa de papelão os materiais reciclados ao PEV.
Fui surpreendido ao encostar o meu carro, um mulher de aparência sofrida, mas bem humilde e sorridente veio ao meu encontro. Perguntou o que eu iria depositar no PEV. Fui gentil devido à gentileza que ela transbordava sem piedade ao rosto angelical. Não me contive, fui dominado pela alegria dela. Alegria intensa que sem eu perceber, infiltrou na minha alma e arrancou com raiz e tudo, todo o mal que havia me quebrantado na noite anterior.
Através daquele sorriso meigo, angelical e humilde consegui perdoar o posto da situação constrangedora da qual havia me enquadrado e acabei quebrando a promessa de nunca mais abastecer naquele posto.
O sorriso daquele anjo me venceu. O meu dia de paz voltou a reinar na manhã seguinte, enquanto a vida sofrível daquele anjo era maior do que o meu, mas insuficiente para deixá-la amarga de uma coisa que muitas vezes nos amargamos à toa.
Um sorriso vale muito mais do que certa montanha. Basta acreditarmos que tipo de serra permitimos estragar nossas vidas.
Ótimo!