Periferias – senzalas de nossa barbárie

 

Periferias – senzalas de nossa barbárie

Canções, poemas no inevitável céu azul. Quero voar, saltar abismo. Quero incendiar minha ainda inexistente alma, com o fogo do amor.
É inverno – descubro poetas incendiarias, acendem o fogo da vida. E a serpente enroscada em mim nunca despertará?
Ontem estava distante de mim, de mal com a vida e um homem em Sampa distribui quinhentos pães. O amor multiplica os pães. Não adianta me dizer que deus morreu. Dentro de mim está vivo, no fragmento de minha alma, ainda desconectado, mas o coração incendeia.
Para que tanto temor numa tarde de sábado, se foi um dia de Sol?
Quantas canções ainda não criei, tantos roteiros e os pães se multiplicam na cracolândia. E nosso desamor tatua o rosto do garoto. Não desvendamos as periferias, senzalas de nossa barbárie. Nas ruas, cantores cantam nossa desagradável barbárie. Não deixe o crack se multiplicar e sim os pães. Cadê o Cristo que não nasce em nossos corações?
Céu e Inferno numa tarde de incertezas – tantos livros que já li e não sei dar um abraço, rezar para o próximo e sentir as dores de sua vida? Não sei ver no outro é uma cegueira do coração.
Para que serve todo nosso saber, conhecimentos científicos se deixamos a selvageria tomar conta da razão? E o amor não nos junta, nem a dor. Canções, poemas, filmes e sou pedra!? Não sei amar o próximo e não me vejo nele? Quanta dor numa tarde de sábado, praça, cidade vazia de solidariedade. Canções inexistentes.
Que o Cristo nasça em nosso coração, religiosidade transforme e nos religue ao Deus dentro de nós. O resto é um supermercado de misérias sociais. Misérias que estão dentro. Sempre dentro de uma pedra no peito. Onde enterramos o coração!?

Joka

João Carlos Faria

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