POETA-ATLETA NA SÃO SILVESTRE 2018!

POETA-ATLETA NA SÃO SILVESTRE 2018

 Último dia do ano é também dia da última corrida do ano! E claro, estou falando da mais tradicional e importante corrida de rua do país, a Corrida Internacional de São Silvestre!
Este poeta-atleta que vos escreve estava lá mais uma vez, para sua décima-primeira apresentação! E claro, vou contar tudo para vocês aqui no Entrementes.
Pela primeira vez para mim depois de uma década participando, a entrega dos kits mudou de local… sai o complexo do Ginásio do Ibirapuera e entra o Palácio de Convenções do Anhembi. Troca positiva ou negativa? Bem, depende do ponto de vista… para quem vai pegar o kit utilizando apenas o metrô depois de já estar em Sampa, o trajeto passou de 15 minutos de descida na Brigadeiro Luís Antônio, depois de descer na Avenida Paulista, para cerca de meia-hora de caminhada saindo da Rodoviária do Tietê, num trajeto não tão simples como a ida ao Ibirapuera, mas por outro lado, depois que já se está no Anhembi, a coisa muda de figura: enorme, climatizado e com uma organização elogiável, ficou muito mais fácil e rápido de se pegar o kit. Não devo ter levado nem 5 minutos para estar com o meu em mãos!

Duas coisas devem ser citadas no kit: a linda camiseta cinza-mescla, sem dúvida a mais bela entre as 11 que tenho da São Silvestre (que diferença da branca básica de 2017!) e o chip, que agora deixou de ser o tradicional, que vai preso no cadarço do tênis, e passou para atrás do número de peito. Tive até alguns segundos de pânico achando que o chip estava faltando no meu kit, até pegar o número e ver que ele estava afixado atrás do mesmo. Se a mudança traz algum benefício, não tenho ideia.
Agora falemos da prova em si: dia 31, bem cedo lá estava eu no metrô, rumando para a Paulista, quando se sentou ao meu lado um rapaz com a camiseta da prova deste ano. começamos a trocar ideias e fiquei sabendo que seu nome era Max e que seria sua primeira participação. Ele estava ansioso e nervoso por isso, pois vinha de uma recuperação de uma problema sério de saúde. Do alto da minha “experiência” de macaco velho na SS, o tranquilizei e falei de algumas características da prova, que seria bom ele ter em mente. Ele ainda ia encontrar um amigo, então não descemos juntos na Sé para fazer a baldeação… nos despedimos e lhe desejei boa sorte. E agora abro um parênteses para falar de uma característica das provas de rua: a amizade. Corredores costumam constituir uma irmandade quase imediata, e na São Silvestre, isso ocorre de forma mais forte ainda, como verão ao longo de meu relato.

Desci na Avenida Paulista e logo percebi que a Operação Anti-Pipoca estava ainda mais forte que no ano passado…mesmo os corredores inscritos sequer podem andar livremente pela Paulista, somos obrigados a andar por ruas paralelas até chegar numa única rua em que é permitida a passagem para a Paulista. Anos atrás fiz vídeos na Paulista antes da prova, com a cinegrafista-poeta do Entrementes, Elizabeth de Souza, me seguindo e capitando as imagens… isso hoje seria impossível, a não ser que ela também estivesse inscrita na prova. Antes, a população lotava a avenida para assistir a largada e a chegada da prova… isso agora ficou no passado. No máximo pode-se ficar nas ruas que dariam para a avenida, mas de longe, um pouco antes da esquina, onde colocam as barreiras.
É a corrida se tornando cada vez menos popular, infelizmente.
Voltando à parte da amizade entre os corredores, entre o tempo de usar o guarda-volume (novamente muito bem organizado, com os ônibus atrás do MASP, diga-se de passagem) e voltar pra Paulista, fiz mais duas novas amigas: a Dona Lucimar, de Itanhaém, que estava ansiosa para sua primeira São Silvestre, e a Valéria, de Brasília, também debutando na prova, e que também foi vítima da caça aos pipocas, já que seu marido não pôde vê-la  na largada por ter sido impedido de entrar na Paulista, por ser um espectador e não um corredor com inscrição.

Nota-se que o número de pessoas fantasiadas também vem caindo a cada ano, e isso com certeza tem relação com o fato de que que muitas dessas pessoas que tanto abrilhantam a corrida, participavam sem inscrição, apenas pela festa, sem obrigação de terminar a prova.
Com um pequenino atraso, a 94ª São Silvestre teve início para nós do Pelotão Geral pouco depois das 9h, mas a Elite Feminina já tinha largado antes e já enriquecia as ruas da capital bandeirante. Assim que foi dada a largada, Pauline Kamulu, do Quênia, assumiu a liderança, sendo perseguida de perto por algumas compatriotas e também por atletas etíopes. O clima era quente, com a temperatura em 27º, e subindo. Já na Elite Masculina, o jovem atleta de Uganda, Maxell Rotich (20 anos), assumiu a liderança dede a largada, imprimindo um ritmo muito forte, como se fosse um verdadeiro coelho.
Enquanto isso, nós, simples mortais, largávamos em ritmo de trote, ou nem isso, pois é impossível correr no primeiro quilômetro da prova, pelo “engarrafamento” de mais de 20 mil participantes. Larguei no MASP  mas a cronometragem só começava lá na altura da Rua Augusta… e exatamente ali já vi a primeira queda, onde uma jovem atleta tropeçou e sofreu uma queda feia, machucando rosto e joelho. Não sei se ela prosseguiu na prova, mas espero que tenha conseguido. Em corridas com o apelo da SS, as pessoas tendem a se distrair, preocupadas em usar o celular ou procurando pelas câmeras da TV, e é muito comum tropeçar e ir ao chão.

Depois da Paulista, tivemos a Av. Dr. Arnaldo, a Maj. Natanael (Km 01), a Paulo Passalaqua e finalmente lá estávamos na Avenida Pacaembu, onde ao passar pelo estádio, completamos os primeiros 2 Km da prova. O terceiro Km foi ainda na Av. Pacaembu, onde tivemos o primeiro posto de hidratação, sempre bem-vindo para quem corria com uma sensação térmica muito superior a 30 graus Celsius.
Apertar o passo pela Barra Funda, e atingir o Km 04 ainda na mesma avenida era a meta do momento, atingida sem problemas. Depois, uma curva acentuada para a direita e atingimos o Km 05, entrando na Av. Norma Giannoti… um terço da prova já havia sido vencido!
E por falar em vencer… voltemos à elite. Depois de liderar quase toda a prova, a queniana Pauline Kamulu não suportou a subida da Brigadeiro e acabou ultrapassada por sua compatriota Sandrafelis Tuei, que assumiu a liderança na parte final. Já entre os homens, 2 atletas brasileiros ainda conseguiram acompanhar os africanos até o Km 05… foram eles Giovani dos Santos e Wendell Jerônimo da Silva. Já na altura do Km 09, apenas os atletas africanos apareciam entre os primeiros, e Emmanuel Ginki Gisamoda, da Tanzânia, despontava como o grande líder, acompanhado de perto pelo etíope naturalizado barenita, Dawitt Admasu.

Voltemos aos mortais!
Chegamos ao Km 06 no Viaduto Orlando Murgel e logo após chegamos na Avenida Rio Branco, onde fica o Km 07 da prova. Quase metade do “trabalho” já havia sido feito! Depois de mais um posto de hidratação, chegávamos à icônica Avenida Ipiranga, já no Km 08. Depois chegamos na Avenida Duque de Caxias (Km 09) e depois ao Largo do Arouche, já no Km 10, com dois terços da prova realizados.
Voltemos à Elite… a queniana Sandrafelis Tuei, depois de assumir a liderança na parte final, não deu mais chances à sua compatriota Pauline Kamulu, e venceu a São Silvestre com brilhantismo, fechando a prova em 50min02s, exatamente 17s à frente de Kumulu. Em terceiro tivemos a etíope Mestawut Truneh, 2min43s atrás da grande campeã. Fecharam o pódio a queniana  Esther Kakuri, em quarto, e a etíope Birthukan Alemu, em quinto.
E nós do Pelotão Geral fazíamos nossa prova particular, chegando ao Km 11 na tradicional Praça da República, passando depois em frente à Galeria do Rock e ao Teatro Municipal, e em seguida chegando no Km 12, na Rua Cel. Xavier de Toledo.

Mais um posto de hidratação e então… Km 13 e a tão famosa subida da “montanha” da Avenida Brigadeiro Luis Antônio se apresentava! Corredores-alpinistas, ousem tentar me superar, ela parecia bradar.
A Elite Masculina há muito havia terminado, claro. Na subida da mesma Brigadeiro Luis Antônio, Dawitt Admasu, acelerou, forçando o ritmo e começou a se desgarrar dos demais. Mas já no final da subida, pouco antes da curva à direita para entrar na Paulista novamente, o vice-campeão do ano passado, Belay Tilahun Bezabh, também etíope, deu uma arrancada espetacular, como se a Brigadeiro nada significasse, ultrapassou o favorito e campeão de 2017 Admasu, e seguiu acelerando pelos metros finais na Paulista até a altura da Fundação Cásper Líbero, para conquistar uma vitória portentosa, fechando com 45min03s. Apenas 3 segundos atrás dele chegou Dawitt Admasu, que agora corre pelo Bahrein, e apenas 10 segundos atrás do campeão veio Amdework Tadese, também da Etiópia, país que dominou completamente a edição masculina desta SS. Fecharam o pódio Maxwell Rotich, de Uganda, e Paul Kipkorir Kipkemoi, do Quênia.

30 graus Celsius no termômetro, mas sensação de no mínimo 40 enquanto subíamos a desafiadora avenida… mas confesso que gosto dela, exatamente pela dificuldade que apresenta. Quem disse que brigadeiro engorda? Vem correr a SS pra você ver!
A Brigadeiro é sem dúvida a parte em que a população mais participa, tem gente que até invade a pista mesmo, para interagir com os atletas, isso sem falar no enorme incentivo que dão a todos. Isso é sempre uma das partes mais legais da prova.
Finalmente chegamos ao final dela, entramos na Paulista e aí foi só curtir os metros finais, sem preocupação, já sentindo saudades da corrida deste ano mesmo antes de chegar ao prédio da Cásper Líbero.

Prova finalizada, desafio de fim de ano vencido, depois foi só tratar de pegar a medalha, que mais uma vez, como já virou rotina, era linda e magnífica. Nisso a SS sempre merece elogios!
Chegando no guarda-volume ainda fiz amizade com o veterano senhor Luiz, do Maranhão, que havia feito sua terceira prova, e que, cheio de energia, ainda me disse que iria a pé até o Paraíso, pois “eram apenas duas estações de metrô até lá e era bobagem pegar condução”.  Esse tem o espírito do corredor de rua!
Essa foi a minha participação na 94ª Corrida Internacional de São Silvestre… um evento que é muito mais que uma corrida, é uma celebração a todos os que amam o pedestrianismo!
Conectando idéias, conectando corridas de rua!

DALTO FIDENCIO
nils satis nisi optimum

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Classificação Final
Masculino

1º – Belay Tilahun Bezabh – Etiópia (45min03s)
2º – Dawitt Admasu – Bahrein (45min06s)
3º – Amdework Tadese – Etiópia (45min13s)
4º – Emmanuel Gisamoda – Tanzânia (45min23s)
5º – Maxwell Rotich – Uganda (45min45s)
6º – Paul Kipkorir Kipkemoi – Quênia (46min04s)
7º – Kiplimo Mutai – Quênia (46min26s)
8º – Giovani dos Santos – Brasil (46min38s)
9º – Wendell Jeronimo de Souza – Brasil (46min43s)
10º – Nicholas Kimeu Keter – Quênia (46min55s)

Feminino

1ª – Sandrafelis Tuei – Quênia (50min02s)
2ª – Pauline Kamulu – Quênia (50min19s)
3ª – Mestawut Truneh –Etiópia (52min45s)
4ª – Esther Kakuri – Quênia (52min47s)
5ª – Birthukan Alemu – Etiópia (53min06s)
6ª – Sintayehu Hailemichael – Etiópia (53min16s)
7ª – Janet Masai – Quênia (53min28s)
8ª – Jenifer do Nascimento – Brasil (54min05s)
9ª – Natalia Sule – Tanzânia (54min21s)
10ª – Meseret Gezaheng – Etiópia (54min27s)

Cadeirante masculino

1º Heitor Mariano dos Santos (47min45s)
2º Josenilton Souza dos Santos (69min09s)
3º Fabio Ferreira Faborges (1h13min56s)

Cadeirante Feminino

1ª Vanessa Cristina de Souza (45min52s)

Deficiente Auditivo Masculino

1º Diogo Trindade (58min28s)
2º Osimael Palmeira dos Santos (1h04min04s)
3º Gustavo Coutinho de Faria (1h07min53s)

Deficiente Auditivo Feminino

1ª Edneusa de Jesus Santos Dorta (1h16min26s)
2ª Natalia Zan Martins de Faria (1h20min46s)
3ª Maria Ironeide da Silva (1h40min23s)

Deficiente Visual Masculino

1º Ari Carlos Dias dos Santos (59min58s)
2º Josivan Guedes da Silva (1h01min43s)
3º Ronaldo Nunes de Morais (1h05min41s)

Deficiente Visual Feminino

1ª Dores Fernandes (1h39min20s)
2ª Ana Claudia de Campos (2h08min52s)
3ª Luzia Prado de Oliveira (2h12min35s)

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