QUAL É O MEU TEMPO ?
Como já estou perto dos 80, é comum os mais jovens me indagarem sobre aquilo que chamam de “as coisas do meu tempo”.
Pergunto: do meu tempo ? Que tempo ?
Eu vivo o momento presente. O passado ficou para trás. O que fiz ou deixei de fazer já não se encontra mais sob meu controle. O Hoje é a única realidade possível. Assim, também não faz sentido falar do futuro, sobre o que “há de vir”. Aqui e agora é onde se desdobram o fluxo e o jogo da vida.
Não sinto tesão em falar do passado. Só posso dizer que o tempo seguiu seu curso, e que a viagem foi mais empolgante que o destino.
Os anos me deixaram marcas na alma e no corpo, o que pode significar alguma experiência. Foram ritos de passagem e contam minha história. Não sei se isso faz alguma diferença nestes dias em que vivemos. Faz ?
Erros ? Cometi muitos, mas talvez alguns acertos. Espero ter aprendido com eles.
Ah…! Me lembro ! Aprendi a não querer sempre estar com a razão. Essa pretensão já não me angustia tanto. Concordo com o Ferreira Gullar, em que “o que importa mesmo é ser feliz”.
A idade já não me permite viver o presente com a intensidade que gostaria. Ainda assim, encontro estímulo e prazer no jogo da vida.
Gosto de música e nesta arte eu sonho e viajo. Cinema é a minha paixão. A leitura me alimenta a alma, e se tornou um hábito diário. Ainda vibro com futebol, apesar dos sustos que o Corinthians me prega. Na filosofia e na espiritualidade, sem dogmas e verdades absolutas, encontro o Norte para minha vida. Sou reencarnacionista.
Família e amigos, eu os trago no coração. Não rejeito narizes empinados, mas prefiro conviver com pessoas simples e humildes. A vida simples é um alívio e permite dormir em paz. À Mãe-natureza minha eterna devoção. Sem ela o que seríamos ?
Economia ? Leio a respeito, mas não entendo nada. Política ? Acompanho porque não abro mão de exercer minha cidadania. Porém, não engulo esse reducionismo dicotômico de Direita X Esquerda. Sou cético quanto a todos os “ismos” e quero distância dos líderes carismáticos.
Por fim, percebo os anos fluindo celeremente e entendo que com a idade chegam também as limitações. Mesmo assim, gosto de viver.
Voltando ao princípio: qual é o meu tempo ? É uma boa pergunta…
Por Gilberto Silos.
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