Tradição, família e periferia

 

Tradição, família e periferia

Reflexão de Joka Faria

 

Estou lendo Ferrêz o livro Cronista de um tempo ruim, não estou com vontade de gravar vídeos por estes dias. A escola muitas vezes nos oprime, sejam professores e alunos. Mas é onde se pode descolar uma grana honesta. Paulo Freire nem é lembrado. E a opressão no chão da escola rola solta. A equipe gestora deve ser por concurso e não indicação. Em breve veremos e saberemos de melhorias em Jacareí, pois lá teve concurso para gestão. Eu nem passei, mas vamos seguindo, enquanto não aparece uma ONG para trabalhar. Já montei uma e deu tudo errado. Não sobrou grana ainda para comprar um terreno na periferia, nos bairros clandestinos e criar um quilombo de resistência. Um ponto de cultura. Nós oprimidos, temos uma doce ilusão de pertencimento a merda da classe média. Falta até entre os escritores, poetas e artistas a noção de consciência de classe. Imagine meus colegas professores. Estas faculdades à distância da qual me formei são fraquíssimas, verdadeiros caça níqueis. Se eu não tivesse tido bons professores no fundamental e médio não teria senso crítico. Mas senso crítico sem saber criar dinheiro é só para saber que é oprimido diariamente. As pessoas ditas politizadas e de esquerda não se tocaram que só eleger Lula não basta. Perdem a chance de se mobilizarem e refletirem e agirem nos grupos de whatsapp. Só postagens sem reflexão e debates. Mas vamos seguir enquanto tivermos saúde. Sempre lembro do filme “O homem que virou suco” do cineasta João Batista de Andrade. Ainda não escrevi um romance, gasto minha raiva em minha escrita. E reflito para criarmos estratégias. Muitas vezes na semana trabalho dois períodos para garantir a feira de sábado. Viajar sem ter carro é uma ilusão. Mas resistir é necessário e ler a criticidade de Ferrêz me faz soltar toda a raiva. Pena que os Sindicatos de professores não se mobilizam. Mas vamos seguindo e buscar reler Paulo Freire, Darcy Ribeiro e meus colegas contemporâneos.
Um dia sobra uma grana e compro um terreno na periferia e crio meu quilombo. Para não mais vender minha mão de obra a governos.

João Carlos Faria, 11 de Novembro de 2023

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