Um coma delirante – Por Bruno Baker

I
Tentar entender a saída
De um sangue com pérolas
Me encho de ego gigante
Amar um igual pelo frescor
Da bela ótica apagável
Olhar com uma volta imensa
E ilhar o calor um tanto apático
Escrevo sem uma gota de veneno
Quero situar a causa mortis
Por espiar pelos lados melosos
E ao centro me aprisionar
Ao vedar o escuro de minha alma

II
Respondo que não sofro
Sou digno
Sou corrente
Meu medo de mascar o exílio
De mim
Por todos
Tudo em nada
Embora
Movo minha mudez
Intitulo o rosto impermeável
Que não choro
E é para sempre
Um coma delirante.

Decalcomania (1966) – Obra de René Magritte

Partícula biográfica: Sou Bruno Baker nascido no círculo do signo do transtorno de identidade, ex-escritor, politicamente incorreto. Me formei em história porém não sou historiador. Pari alguns empecilhos poéticos e os publiquei no Clube de Autores. Atualmente cuido do acervo Arnaldo Albuquerque e também sou  sobrinho do Solfidone.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*