Uma viagem curta!

Esta é a rodoviária da Cidade de Londrina, norte do Paraná. Tirei uma foto com meu celular.

Saí de São José dos Campos, SP à noite, uma coisa que raramente faço, pois tenho pavor de viajar à noite. Mas aqui em SJC não tem ônibus que vá para a cidade de Londrina, durante o dia. Teria que ir pra São Paulo, na Barra Funda, onde saem os ônibus interestaduais. Do Tietê só sai ônibus para as capitais. É o maior trabalho, sair de sjc, ir até o Tietê e pegar o metrô para a Barra Funda. Então resolvi ir no ônibus que sai daqui da minha cidade às 20h. Que viagem mais cansativa! Um ônibus mais barato e foi a pior coisa que fiz, pois era desconfortável, ar condicionado gelado, cheiro forte e para piorar parou em São Paulo e ficou uma hora mais ou menos, com os passageiros dentro do ônibus, esperando.
Cheguei em Londrina por volta das 7h da manhã, tomei um café e ia para um hotel perto da rodoviária, pra descansar até às 11h,  porque às 13h uma consulta com uma terapeuta de bioenergética. Todo ano, venho à Londrina, fazer um check-up. Mudei os planos e resolvi andar pela cidade até dar a minha hora. Depois do café, pasmem, tomei banho na rodoviária mesmo. No guarda volumes você paga 10 reais e pega um kit com toalha, chinelos e sabonete, eita, faltou o shampoo, mas eu carrego o meu na bolsa. Então resolvi a minha situação com R$12,50 (banho e café) e com isso, não precisei pagar a diária de um hotel, que seria bem mais cara. Como diz o Joka Faria, o povo brasileiro é pragmático. Eu sou pragmática!
Carreguei o celular, escrevi umas anotações de viagem e como o tempo passa rápido demais nesse mundo vão, saí rapidamente para passear pela cidade.

Passeando por Londrina

Saí da rodoviária num ônibus urbano até o terminal central, por onde saem os circulares para todas os bairros da cidade. Nesse terminal como já havia pago a passagem, no valor de R$ 3,75 poderia ir para qualquer bairro, sem pagar outra passagem. Mas eu resolvi dar umas voltas pela cidade, almoçar e depois ir pra consulta. Olhei as lojas, comprei algumas coisas e almocei num restaurante nos arredores do terminal a R$ 27,00 o kilo. Então, tranquilamente voltei para o terminal central e fui de ônibus para outro terminal, chamado Ouro Verde. Lá andei um pouco até chegar à casa da terapeuta. Depois do atendimento, da receita e do pacote de ervas que ela recomenda beber por 21 dias e retornei ao terminal central. Saí do terminal, atravessei uma avenida e entrei em outro circular, só que intermunicipal com o mesmo preço da passagem dos ônibus urbanos. Rumei para Cambé.

Cambé

Cambé é uma cidade que fica depois de Londrina, praticamente grudadas uma na outra. O ônibus parou no terminal central da cidade e lá fiquei esperando uma freira, junto com minha irmã, me buscar. Fui para o Lar Santo Antônio, um antigo orfanato que hoje trabalha com um projeto social e educacional. Passei o resto do dia conhecendo o local e dormi nesse lar. Na manhã seguinte, sai de Cambé, rumo à cidade de Apucarana, passando por Arapongas.

Apucarana

Apucarana é uma cidade alta que tem um vento cortante que até assovia. Tenho uma prima que mora aqui perto da rodoviária. Desci um pontilhão com minha mochila nas costas, deixei outra mala na rodoviária, que não tem guarda volumes. Mas ainda existem seres humanos bons e o senhor Elias é um deles. Ele, que fica no informações, se ofereceu para guardar a minha mala, por pouco tempo. E assim fui para a casa da minha prima, param dar-lhe um abraço. O pessoal no Paraná é muito acolhedor e é uma ofensa sair sem pelo menos tomar um café ou almoçar. Almocei com ela, conversei com o pessoal da família e voltei para a rodoviária rumo à Arapongas (voltando). Fui para o ponto do ônibus circular, amarelo. Na verdade agora é verde. Fiz amizade com um senhor e uma senhora que também iam para Arapongas, num baile da terceira idade. Eram amigos que frequentavam os bailes juntos. E em 10 minutos de conversa eu já sabia muitos detalhes da vida dos dois. Ele, 64 anos, aposentado, tem uma namorada japa, cabeleireira, que mora em Arapongas, tem um carro e um quintal com horta, que ele ajuda a plantar. A amiga dos bailes é viúva, o marido ao perder o emprego, há muitos anos atrás, ficou com depressão e saiu andando sem rumo. Cansado, sentou na linha do trem, que o pegou matando na hora. Ela então, cuidou das filhas, sozinha e triste, até que conheceu um homem negro, começou a namorar e foi ele quem a levou para os bailes, que ela frequenta até hoje.  Separou-se dele, mas hoje ela tem outro namorado e vai em todos os bailes com o amigo que estava com ela. Entramos no ônibus e os dois desceram antes de mim, ela me deu um abraço e um calendário de presente. Depois me acenaram lá de fora. Não vou esquecer nunca essa amizade rapidinha. Depois desci no Simbal e fui a pé pra casa da minha tia.

Arapongas

Arapongas é uma cidade que fica depois de Londrina e antes de Apucarana. É nela que passa o Trópico de Capricórnio. Aqui mora minha tia que venho visitar todo ano. É a família dos Galdinos.
Arapongas é considerada um Japão aqui do Paraná, pois é a cidade que mais oferece emprego aqui no norte do estado. Tem várias fábricas, que os trabalhadores chamam de “firma” que fazem colchões, móveis, estofados, um paraíso para as costureiras.
A família da minha tia, na década de 90 mudaram-se todos para cá, em busca de emprego e conseguiram trabalho e meios de comprar suas casas, formar suas famílias e levar uma vida com qualidade, apesar dos contratempos humanos.
Minha tia fica muito feliz com a minha visita, choramos na chegada e na despedida. Ela tem problemas nos joelhos, dificultando seus movimentos, mas ficamos na sala conversando por horas. Quando estou na casa dela, todos os seus filhos vem me ver e conversar. Fico lá com a tia, de companhia, faço uma comida pra nós, um café cheiroso e fico a ouvir muitas histórias que ela conta do seu passado, ligados ao meu tio, os parentes e os lugares que morou.

É sempre um grande prazer ir para Arapongas e encontrar uma parte da minha história de infância, registrada na família dos Galdinos, um pessoal acolhedor, divertido e autêntico.

Bom, chegou a hora da partida…Fazendo todo o caminho inverso: Arapongas, Cambé, Londrina. Somente em Londrina é que saem os ônibus para SJC. Voltei numa outra empresa, mas não mudou muita coisa. Cheguei de manhã em casa.

Sempre ia de avião pra Londrina, mas ir de ônibus é muito divertido e usar os circulares ao invés de taxi e uber, deixa no ar um sabor de aventura.

Elizabeth de Souza

Sobre Elizabeth Souza 397 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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