Dalto Fidencio entrevista Reinaldo Pestana da Banda Tempo Rei
A banda carioca Tempo Rei estará lançando seu primeiro álbum – “Eternidade é Tempo Algum” – agora dia 08 de fevereiro, no Centro de Referencia da Música Carioca Arthur da Távola, na Tijuca.
Como quem teve o privilégio de já ter ouvido a banda bem sabe, eles têm como maior influência a música do grande Gilberto Gil (os mais atentos perceberão isso também pelo nome da banda). Mas o som dos cariocas não para por aí, eles trouxeram a Tropicália para o século XXI, e com ela fazem um amálgama com Indie, Jazz, Rock… resultando numa World Music contemporânea da melhor estirpe! O album está em sua totalidade no youtube mas recomendo que o leitor acompanhe antes o webclipe de “Certeza do Mundo”, que é todo em animação e mostra o talento da banda, numa composição que o saudoso Chico Science com certeza aplaudiria.
A banda fez recentemente um show do Teatro Municipal Café Pequeno, no Leblon, onde mostrou um setlist com releituras de clássicos imortais de Gil, como “Aquele Abraço”, “Palco”, Andar com Fé”, “Ladeira da Preguiça” e “Realce”, num show de pré-lançamento do álbum de estreia. Mas não se engane… suas músicas autorais também devem receber toda a sua atenção, pois os rapazes provam ser do ramo logo à primeira audição.
Aqui uma breve entrevista com Reinaldo Pestana, compositor e percussionista da banda:
1- O som de vocês obviamente tem como inspiração mór o grande Gilberto Gil, mas pode-se notar que a banda também faz uma música bem atual, com outras referências. Fale um pouco sobre isso, sobre o que moldou a música do Tempo Rei.
Então, como são 25 anos trabalhando com música, fica mais fácil saber o que realmente quer.
O Tempo Rei (originado de uma música de Gilberto Gil em 1984) começou por que eu não parava de sonhar com as melodias e letras, isso aconteceu devido ao fim de relacionamento.
Quando eu comecei a compor as músicas do Cd Eternidade É Tempo Algum (o nome do álbum originou de um papo filosófico com o Marcio “Sira” Figueiredo), através da métrica eu já sabia as intenções, os ritmos, as convenções, timbres etc…
O Gil foi uma grande influencia para a sonoridade do Cd, mesmo o nosso som não sendo parecido na questão da sonoridade das músicas que o Gil compôs.
As músicas do Cd tem muitas influências do Jazz, Rock e ritmos brasileiros. A Tropicália de uma certa forma foi isso. Os músicos que compõe a banda também tem esta bagagem sonora. Todos curtem esses gêneros musicais.
2- Como foi o processo de gravação do álbum, no Estúdio Artista70, pelo Marcelo Oiticica?
O processo foi complicado. Demorou 3 anos para sair. Todos estavam trabalhando muito, inclusive eu, rsrsrs.
Chegou um dia que falei, galera vamos agilizar, não aguento mais.
Eu ia fazer a pré na casa do vocalista Aprígio Berth (toda vez era investido de 3h a 4h dia), depois ia para casa do Maurício (baixista) fazer as grades (partituras) da músicas (um investimento de 4h a 5h dia).
Os arranjos de metais (músicas como Quem Me Dera e Contexto Casual) foi feito pelo guitarrista André Barros. E a música Na Varanda do Universo, cheguei com as 2 partes da música e o tecladista Renato Catharino fez a terceira parte para complementa-la.
O pessoal gosta de ler música, ao todo foram 12 músicas gravadas. Ufa!
Depois íamos pra o estúdio Artista 70 gravar de 3 a 4 músicas em um dia, não foi fácil.
Ao mesmo tempo que foi na correria foi prazeroso no final. Ver todas as músicas na sua devida ordem.
O Marcelo é um excelente profissional. Este foi o segundo filho (Cd). O primeiro foi o Choro Novo no qual fomos selecionados para o 26º Prêmio da Música.
Foi isso que aconteceu, rsrsrsrs.
3- A banda já faz muito sucesso em palcos cariocas, ficando cada vez mais conhecida… agora com o CD em mãos, a meta é ganhar o Brasil? Podemos esperar shows em outros estados?
São Paulo os espera, por exemplo!
Sim. Gostaríamos de apresentar bastante o nosso projeto.
Certamente as pessoas (as pessoas que amam música) irão parar para refletir no que é dito nas letras.
Estamos lutando para isso. Temos uma agenciadora (Ana Cristina) que esta correndo atrás.
São Paulo é um lugar incrível para se trabalhar com música.
4 Essa diversidade de influências, onde pude notar também o Maracatu, Bossa Nova, Frevo… ela vem de diferentes preferências dos músicos da banda?
Fale um pouco sobre as influências musicais individuais de cada um de vocês.
Eu já cheguei com o que queria. Esses ritmos maravilhosos que o Brasil possui proporciona a criatividade. Existem mais de 10 ritmos no Cd. Todos na linguagem musical exata.
Um exemplo Futuras Alegrias que começa com um Frevo e termina na onda do Black Sabbath.
As possibilidades são enormes quando se pesquisa e quando se tem a linguagem.
Eu pesquisei a maioria das células ritmas dos instrumentos melódicos para tentar sair do mais do mesmo. Uma delas é a Certeza do Mundo. Algumas eu consegui, rsrsrs.
5- O clipe de “Certeza do Mundo” é em animação, que ficou ótimo por sinal… a banda pretende fazer novos trabalhos com os Poetas Músicos?
Certamente. Eu pretendo fazer todas as músicas que existem letras em animação. Só dependerá de tempo. O Brauner Fazolari (Os Poetas Músicos) anda muito ocupado. Mas vamos esperar, ele é uma pessoas ótima.
6 Por falar em “Certeza do Mundo”, a letra é excelente, poética, de questionamento e esperança… me permita roubar suas palavras e perguntar: O que vocês esperam de um mundo, um mundo melhor e menos sujo?
Foi o que você falou. Apenas um mundo melhor. Temos que manter a esperança. No fundo ela rege a nossa vida. Lógico se você deixar.
Para saber mais sobre a banda acesse: Tempo_Rei_Autoral
É isso amigos… quem estiver nas imediações da Cidade Maravilhosa não pode perder o lançamento de “Eternidade é Tempo Algum”, de uma banda que, podem ter certeza, ainda ouvirão falar muito!
Ei,Tempo Rei… toca Gil!
Conectando ideias, conectando o melhor da música brasileira!
DALTO FIDENCIO
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