A idade sombria

” A doutrina hindu ensina que a duração de um ciclo humano, ao qual dá o nome de Manvantara, divide-se em quatro Idades, que correspondem a fases de um obscurecimento gradual da espiritualidade primordial; são esses mesmos períodos que as tradições da Antiguidade ocidental, por seu lado, designavam como as Idades de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro. Estamos presentemente na quarta Idade, “Kali-Yuga” ou “Idade Sombria”, e estamos nela, afirma-se, há mais de seis mil anos, ou seja, desde uma época bastante anterior a todas aquelas que são conhecidas da História “clássica”. Desde então, as verdades que eram outrora acessíveis a todos os homens tornaram-se cada vez mais dissimuladas e difíceis de atingir; aqueles que as possuem são cada vez menos numerosos e, se o tesouro da sabedoria “não humana”, anterior a todas as idades, nunca se pode perder, ele se envolve no entanto em véus cada vez mais impenetráveis, que o escondem aos olhares e sob os quais é extremamente difícil descobri-lo. É por isso que por toda a parte se faz alusão, sob diversos símbolos, a qualquer coisa que se perdeu, pelo menos aparentemente e em relação ao mundo exterior, e que devem encontrar aqueles que aspiram ao verdadeiro conhecimento; mas também se afirma que aquilo que está assim escondido voltará a ser visível no fim deste ciclo, que será ao mesmo tempo, em virtude da continuidade que liga todas as coisas, o começo de um ciclo novo.”

René Guénon

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