A Sacralidade da Natureza

A  Sacralidade da Natureza 

Outro dia, caminhando, solitário, pelo Parque da Cidade, percebi o quanto esse isolamento social faz bem à natureza. Durante dois meses o parque esteve fechado ao público. Foi tempo suficiente para  o ambiente natural se recompor   e respirar um pouco,  livre da presença e das estrepolias do bicho-homem.

Acomodei-me num banco e permaneci por um bom tempo com os olhos fechados, em silêncio, apenas ouvindo a sinfonia da natureza. Em meio a múltiplos trinados, uma agradável sensação de harmonia.

Aventurei-me a percorrer as trilhas do parque, mesmo com todo o calor daquela manhã. Surpreendi-me com a presença de animais que há muito tempo não encontrava naquele local: serelepes, preguiças, capivaras. Encantei-me com a imagem refletida de uma garça sobrevoando o lago. Papagaios ornamentavam as copas de algumas árvores. Até a vegetação, desbotada pelos meses de inverno, irradiava um brilho incomum.

Foi um momento de lazer que me levou a muitas reflexões sobre a relação do homem com a natureza.

Nas culturas mais antigas a natureza era entendida como uma parte de Deus. A terra era sagrada; considerada não só como a fonte pródiga da vida, mas também o lugar de descanso dos mortos. Aquela sacralidade foi relegada ao plano do esquecimento ao longo dos séculos.

A Reforma e o pensamento mecanicista cartesiano formaram uma consciência em que ao homem estava destinado exercer seu poder e o controle do ambiente natural. Para René Descartes o mundo material funcionava de maneira totalmente mecânica. À luz desse mecanicismo o mundo podia ser explicado e explorado. A ciência, a tecnologia e a economia servem, atualmente, aos propósitos dessa ideologia predatória.

Percebe-se agora uma reação no sentido de tentar reverter esse estado de coisas. Tomara não seja tarde demais.

Por Gilberto Silos

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Sobre Gilberto Silos 246 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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