A Sacralidade da Natureza

A  Sacralidade da Natureza 

Outro dia, caminhando, solitário, pelo Parque da Cidade, percebi o quanto esse isolamento social faz bem à natureza. Durante dois meses o parque esteve fechado ao público. Foi tempo suficiente para  o ambiente natural se recompor   e respirar um pouco,  livre da presença e das estrepolias do bicho-homem.

Acomodei-me num banco e permaneci por um bom tempo com os olhos fechados, em silêncio, apenas ouvindo a sinfonia da natureza. Em meio a múltiplos trinados, uma agradável sensação de harmonia.

Aventurei-me a percorrer as trilhas do parque, mesmo com todo o calor daquela manhã. Surpreendi-me com a presença de animais que há muito tempo não encontrava naquele local: serelepes, preguiças, capivaras. Encantei-me com a imagem refletida de uma garça sobrevoando o lago. Papagaios ornamentavam as copas de algumas árvores. Até a vegetação, desbotada pelos meses de inverno, irradiava um brilho incomum.

Foi um momento de lazer que me levou a muitas reflexões sobre a relação do homem com a natureza.

Nas culturas mais antigas a natureza era entendida como uma parte de Deus. A terra era sagrada; considerada não só como a fonte pródiga da vida, mas também o lugar de descanso dos mortos. Aquela sacralidade foi relegada ao plano do esquecimento ao longo dos séculos.

A Reforma e o pensamento mecanicista cartesiano formaram uma consciência em que ao homem estava destinado exercer seu poder e o controle do ambiente natural. Para René Descartes o mundo material funcionava de maneira totalmente mecânica. À luz desse mecanicismo o mundo podia ser explicado e explorado. A ciência, a tecnologia e a economia servem, atualmente, aos propósitos dessa ideologia predatória.

Percebe-se agora uma reação no sentido de tentar reverter esse estado de coisas. Tomara não seja tarde demais.

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 192 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*