AS VINHAS DA IRA
O livro – O filme – A música
Oitenta anos nos separam do lançamento do livro As Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath). Obra-prima escrita por John Steinbeck, ganhou o Prêmio Pulitzer de 1939. No ano seguinte foi transformada em filme por John Ford. Em 1941 venceu o Oscar nas categorias de melhor diretor e melhor atriz coadjuvante.
Vigorosa pelo seu conteúdo social, a obra causou muita polêmica nos Estados Unidos. Em suas páginas encontramos um relato pungente de problemas sociais decorrentes da concentração de riquezas e de terras nas mãos de uns poucos, enquanto grande parte da população americana sofria os efeitos perversos da Grande Depressão. Milhões de desempregados enfrentavam uma crise econômica sem precedentes, onde a fome era uma realidade cruel.
A narrativa de Steinbeck incomodou aquela sociedade capitalista. As reações não tardaram. O livro chegou a ser queimado em praça pública e proibido nas escolas. O autor foi acusado de comunista na época do Macartismo. Esse “estigma” o perseguiu por muitos anos. Quando ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1962, em vez de elogios, recebeu duras críticas do New York Times.
A história de As Vinhas da Ira aborda o drama da família Joad e de várias outras, pequenos agricultores que cultivavam algodão no estado de Oklahoma nos anos 30.
A crise econômica, as tempestades de areia que devastavam as plantações, as dívidas com os bancos, arruinaram aqueles agricultores. Expulsos de suas terras, decidem tentar a vida na Califórnia, aceitando qualquer trabalho para não morrerem de fome. Nessa tentativa de sobrevivência encontram solidariedade por parte de outros que vivem na mesma situação. Partem, então, em comboios para a “terra prometida”, movidos por uma incomum consciência coletiva.
Boa parte do livro tem como protagonista Tom Joad, um dos filhos que, recém-saído da prisão, encontra a família já de partida.
Viajando num caminhão muito velho, chegam à Califórnia. Empregam-se numa fazenda onde são explorados pelo proprietário, que se aproveita daquela mão de obra barata.
Apesar de todas as vicissitudes, não abandonam a esperança de que a vida lhes venha a ser melhor.
Para imprimir o máximo realismo possível à narrativa, John Steinbeck chegou a viver num acampamento de migrantes e seguiu viagem com eles para a Califórnia.
O filme foi rodado em 1940, tendo John Ford na direção e Henry Fonda no papel de Tom Joad. É um dos grandes clássicos do cinema. Foi considerado pelo American Film Institute como um dos 100 melhores filmes de todos os tempos.
A figura de Tom Joad tornou-se um símbolo da luta contra as injustiças sociais e inspirou Bruce Springsteen a compor a música “ The ghost of Tom Joad” em 1995.
John Steinbeck nasceu em Salinas, Califórnia, em 1902. Faleceu em 1968.
Por Gilberto Silos
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