Beth Brait Alvim e sua “Língua Febril”

Beth Brait Alvim e sua “Língua Febril”

Aconteceu neste dia 10-09-22 a Festa de Lançamento do Livro de Beth Brait Alvim

“A geografia da língua poética não é limitada pelas fronteiras entre os países: há um elemento universal na poesia de Beth Brait Alvim que faz com que sua língua ‘roce’ todos os tempos e espaços; daí, sua voz se eleva e transita por vastas regiões numa comunhão com tudo o que é vivo. Ao mesmo tempo, é uma profunda voz feminina capaz de ler as entrelinhas dos sentidos e da história.

Entre os chineses, diferente do restante do cânon do budismo mahayana, o bodisatva da compaixão é feminino, a deusa Kwan Yin. Beth é uma espécie de bodisatva poética que com sua língua transfigurada traduz toda a dor e toda a alegria da vida, das ressonâncias ocultas do mar às meditações dos bichos, a experiência nua e febril de, a todo o tempo, atualizar as formas da língua para dizer o indizível. A língua de Beth é o idioma da compaixão. Assim é a poesia de Beth Brait Alvim.”. (da orelha do livro)

 

Veja a Festa do Lançamento do Livro de Beth Brait no vídeo abaixo:

 

Carta para Sabines

Para os poetas de Cajeme, Sonora, México,
em especial Víctor Antelmo.

Sou poeta e nada mais.

Meu corpo assedia sonhos porque a vida não me sustenta.

Você me tomou e eu nada pude.

Da língua verso, você me navegou como nuvens líquidas
antes da chuva.

Por baixo das portas, o som das tardes na cidade cravou fogo
e bálsamo no respingar da minha saliva inundando a solidão;
meus pés não souberam seguir, minha floresta chora sem o
seu barco.

Morro de sede e ando como um fantasma com a cabeça na
garganta de tanto engolir distâncias.

Antes, com você, tudo contava fábulas do tempo primordial.

Você me toma desde o feto e me inunda de mel e leite.

É verdade que você me ouviu em silêncio, assustada e triste?

Uma grande história não se cria sem altos voos.

Deixe-se queimar e morrer de tanto ardor… de sua pele
temporária, você nascerá de novo e de novo, para voar entre
dois mundos.

Beth Brait Alvim

Língua febril
Editora Penalux, 2022
Edição bilíngue
Tradução Floriano Martins

6 Comentários

    • Grandiosa Beth Sousa, seu trabalho me deixa estarrecida. Nunca vi nada igual . Seu respeito e amor pelos artistas nos revivificam. Gratidão.

  1. “meus lábios mostram se úmidos/febril desejo tua língua/saturada de volúpia/minha poesia em teu verso/teu sexo nú’meu”
    – cê é foda BB! Parabéns pela vida poesia…estrada de fazer ser e acontecer. Te amo por muito pouco

  2. Como posso compartilhar seus saberes ancestrais! Eu respeito tanto seus ensinamentos poéticos, e isso são primaveras árabes, desde de 1999; somos “Palavreiros”, e eu sou um aprendiz à juntar palavras, alguns dizem poemas: eu digo “la maestra”, e sou modificado à cada verso, sou feliz em ser um de seus filhos. A benção!

    https://youtu.be/yokPwgb5MS0

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*