“Daniel Boone” – Famoso Aventureiro
Quando se viaja para o Estado norte-americano de Kentucky, em determinado ponto divisa-se um grande monumento erigido para perpetuar a memória de um grande homem. Na peça compacta de mármore que forma a base do monumento, lê-se o seguinte : “Daniel Boone – Nascido em 1.734, Morto em 1.820.” Se mergulharmos nos arquivos da história não podemos deixar de sentir orgulho ao refletirmos na vida de Daniel Boone, o primeiro americano que através de sacrifícios sem conta e de um acendrado amor á Pátria desbravou um boa parte do sertão. Daniel Boone nasceu em Penna, a cerca de 15 kilometros de Reading, que hoje em dia é uma moderna e progressista cidade americana.
O pai dele era um inglês de Devonshire, chamado Squire Boone – sendo Squire um nome e não um título. O nome da mãe era Morgan , de origem Galense. Os dois ramos da família dele eram “Quakers”, atraídos a Pensilvânia pela fama de William Penn e dos seus associados “Quakers”. Daniel Boone tinha 10 irmãos de ambos os sexos. Um foi morto pelos índios e os outros lograram viver até as avançadas idades, de 83 a 91 anos.
A família permaneceu pouco tempo na Pensilvânia. Ouvindo falar de uma região nova, situada ao sul e que era considerada um paraíso para a caça e de solo fertilíssimo, os Boones logo formularam planos para se mudarem para lá. Assim, quando Daniel tinha 17 anos, a família se transferiu com todos os seus pertences para o Condado de Yadkin, na Carolina do Norte. Yadkin ficava na parte noroeste do Estado, nas encostas dos Monte Azuis.
Na época a que nos referimos, era ainda um território virgem e abundante em caça. Embora o jovem Daniel fosse propriamente um agricultor, dedicava a espingarda, o mesmo tempo que a enxada. A caça não se destinava somente a alimentação, mas também ao vestuário, feito com as peles dos animais selvagens abatidos. De todos os caçadores da região o mais notável era Boone pela segurança do tiro.
Ao atingirem a idade adulta, os índios causavam grandes dificuldades em todas as fronteiras do Oeste. Para expulsar os intrusos viera o General Braddock da Virginia com um exército composto de ingleses e de colonos. Braddocck era destemido, mas pouco experiente na luta contra os selvagens. Um rapaz natural da Virginia, chamado George Washington e que estava no comando dos colonos, tentou mostrar-lhe o perigo, mas não houve tempo para que os ingleses se capacitassem da situação.
Num dia em que o pequeno exército deles avançava em fila indiana, por uma trilha estreita, situada a poucos quilômetros de Fort Duquesnee, os índios atacaram. Os peles-vermelhas investiram ferozmente de ambos os lados da ravina da morte e os britânicos, embora pudessem resistir ao ataque por certo, viram muitos de seus companheiros tombar no cumprimento do dever, porque eram superados em números pelos silvícolas. Vendo o enorme perigo que os ingleses corriam, George Washington e os colonos arremeteram-se pelas florestas e conseguiram salvar muitas vidas, combatendo os índios á maneira índia. Braddock não pode ser salvo e morreu com os seus soldados.
Daniel Boone estava com a tropa, não como batedor ou homem de primeira linha, mas como condutor de carroça, na retaguarda. Quando a batalha começou, Boone montou a cavalo e fugiu da zona perigosa. Colhera uma boa experiência naquela luta inglória com Braddock, resultante dos encontros com John Finlay, que também era caçador, negociante entre índios, mascates e viajantes. Finlay nunca se cansava de falar a Boone sobre as manadas de búfalos, alces e perus selvagens que vagavam em Kentucky á espera de um caçador do quilate dele. Ouvindo essas histórias, Boone ficava de boca cheia d’água e, com os dedos acariciava o gatilho da espingarda.
O caminho pela montanha era eriçado, desconhecido e também perigoso, por causa dos índios cherokees, do sul, que reivindicavam a região como sua ,o mesmo fazendo os índios Shawnees do norte. Essas tribos belicosas percorriam a região em todas as direções, por meio de bandos que se revezavam. Foi em setembro de 1.773 que Boone deu início ´para sua mais séria invasão do Kentucky. Era ele o cabeça de uma grande caravana que incluía cinco outras famílias que acompanhavam os Boones á proporção que avançavam pelo desfiladeiro de Cumberland.
Boone mandou que seu filho James e mais dois homens fossem obter mantimentos extras no povoado de Russel, á margem do Rio Clinch. O grupo perdeu o rumo e, encontrado pelos Shawnees, que voltavam de uma incursão contra os Cherokees, foi atacado ao amanhecer. O jovem Boone morreu na refrega. Os sobreviventes levaram a notícia dolorosa a Boone, mas ele suportou o golpe como um genuíno homem da fronteira.
Também a Carolina do Norte, reivindicava uma parte como invocação das mesmas garantias. As concessões originais eram vagas na descrição das terras situadas em pontos diversos da Costa e para Oeste, até o Pacífico. Em virtude dessas condições e ainda porque nem a Vírgínia, nem a Carolina do Norte haviam apresentado motivos convincentes para suas reclamações, havia alguma lógica no argumento de Henderson, de que o único título válido estava nos tratados com os índios. Formando a Companhia da Transilvânia, assinou o tratado com os Cherokees, que eram os donos originais de todas as terras em volta de Sycamores Shoals. Um dos chefes índios fez a Boone uma observação que ele jamais esqueceria pelo resto de seus dias: – “Irmão, é muito linda a terra que lhe vendemos, mas temo que achará muito difícil conservá-la”. Isto foi em 1.775 e a partir de então e até o fim da revolução.
Em 1.783, as guerras índias foram quase contínuas. Boone construiu uma trilha do vale da Virgínia ao Kentucky central . Teve de executar os trabalhos, enquanto lutava para expulsar os índios, mas, por fim, a estrada ficou concluída. A região que a estrada atravessava era das mais difíceis, mas por ela passou uma das maiores migrações da história do interior da América. Havia quarenta grandes obstáculos no terreno por onde passaria a estrada e removê-los foi uma tarefa verdadeiramente titânica. Naqueles dias só se viajava a cavalo. Com efeito, foi somente em 1.796, que pela primeira vez, veículos de roda passaram pela grande estrada, embora fossem aos milhares os colonos que dela faziam uso naquele tempo.
Aquela era realmente a terra da promissão e por muitos e muitos dias desencorajadores e de grande sofrimento, os pioneiros avançavam, ansiosos por viverem na nova colônia, não se importando, por isso, das piores condições de vida que se apresentavam. Já estavam a mais de 360 quilômetros do povoado branco mais avançado. Boone manteve com firmeza sua posição e ergueu uma paliçada em Otter Creek, que ficou conhecida como Vila de Boone. Hoje não há o menor vestígio desse primitivo povoado.
Em 1.776, Kentucky tornou-se um condado do Estado da Virgínia e Richard Henderson recebeu uma concessão de 200.000 alqueires de terra como compensação pela perda de seus direitos a reivindicações. Nesse mesmo outono, rebentou a longa guerra índia, que iria durar tanto quanto a Revolução. Em 1.777. a Vila de Boone foi atacada 3 vezes. Aqueles eram dias muito perigosos. De certa feita, os brancos só logravam conservar as cabeças livres do escalpo dos índios ao preço de muita coragem e astúcia. Eles eram forçados a combater os índios a moda índia e muitos usavam as facas de escalpelar com a mesma sem-cerimonia com o que faziam os seus inimigos de pele vermelha.
Em 1.778, enquanto Boone conduzia os homens em busca dos índios, houve um ataque contra o povoado. Na volta, Boone foi capturado pelos peles vermelhas, que tanto o temiam. Vitoriosos, os índios dirigiram-se para seu acampamento do pequeno Rio Miami, a poucos quilômetros da cidade atual de Xenia, no Ohio. Boone foi mantido ali por aproximadamente 5 meses e, ocasionalmente, ouvia rumores sobre planos de ataques contra os brancos. O maior ataque seria dirigido contra a Vila de Boone e ele teria de agir com presteza. No dia seguinte, obteve permissão para uma caçada e saiu em linha reta pelo Ohio, viajando dia e noite, sem descanso.
Os índios estavam por toda parte e não era seguro acender fogo ou atirar nas caças. Durante 3 dias. não comeu outra coisa que não fosse milho tostado que trouxera na bolsa de caça. Esta foi uma fuga repleta de horrores, Boone não somente tinha de viajar ao máximo de velocidade, mas de procurar ocultar sua trilha, pela duplicação das pegadas. Ao chegar na Vila Boone, soube que a família o dera como morto. Ele voltou a luta de sempre contra os índios. Foi com muita coragem e sofrimento, inclusive com a perda dos entes queridos, que Boone construiu a magnífica estrada de penetração do Oeste,que na época era conhecida como estrada de Boone.
O fim ocorreu em 21 de setembro de 1.820, quando aos 87 anos de idade, Boone ainda lutava contra os índios. O corpo dele e o da sua esposa repousam juntos em Fankfurt, Kentucky. Assim nos despedimos da honestidade simples de Boone e da sua constante alegria. Sua fé em todos os homens e o sonho que alimentou da criação de um Estado fizeram com que seu nome jamais fosse esquecido, enquanto a lembrança de muitos de seus contemporâneos se vai apagando e mais com o passar dos anos.
Quando eu era criança, assistia o Daniel Boone com meu pai…