De onde eu vim e quem sou?

De onde eu vim e quem sou?

O que parecia um sonho sem vida, vi na casa dos meus quarenta anos se tornar realidade 

https://www.tiespecialistas.com.br/quem-somos-nos-uma-reflexao-sobre-valores-e-sociedade/

 

Por: Rogério Rodrigues da Silva 

 

Há poucos meses iniciei a busca dos meus antepassados.  Confesso que de início nem botava fé. A ideia era simplesmente descobrir de onde eram meus avós.

Cresci ouvindo que meu avô materno era africano, sua esposa, cujos eram somente amigados, era neta de italiana. 

Já por parte do meu pai, ouvia da minha própria saudosa avó paterna de que o pai dela era Português, tanto que na região de onde moravam, todos os conheciam como o Sr Portuga. 

Foram assuntos que nunca engoli como satisfeito. Dentro de mim sempre tive vontade de ir muito mais além. 

Às infâncias contadas e ouvidas por meus pais, tinha vezes que me flagrava vivendo junto deles; avistando cada cenário de suas saudosas histórias. 

Amava ver fotos de suas terras natais! Algo que até hoje aos meus quarenta anos ainda faço.

A sede pela busca de quem realmente foram meus avós e seus pais nunca saíram da minha cabeça, algo que praticamente há poucos meses resolvi tirar do papel.

Fui muito mais além do que imaginava. Descobri coisas extraordinárias. Da parte da minha mãe, cheguei a descobrir um casal de meus tetravôs, aqueles que chamamos de tataravós.

Do meu pai, cheguei aos nomes dos meus trisavôs.  

Descobri que da parte da minha mãe tive muitos primos nati morto. Minha avó materna perdeu os pais ainda na adolescência e que foi a caçula dos irmãos.  Ao todo minha avó materna tivera aproximadamente noventa netos. 

Vi a injustiça de no ano de 1894, minha trisavó aos quinze anos se casar com o então esposo, um homem já formado de quarente e três anos. No atestado de óbito dele, constando que aos sessenta e oito anos ele já era viúvo.  

No velório de seu filho, 1923, meu então bisavô, apareceu um artista bêbado querendo assinar o documento, mas que não sabia assinar e falar como nós, mas que o identificaram como Achalli Palaci. 

Revi os registros de casamento de sete tios, atestado de óbitos de quatro parentes próximos, certidões de nascimento: perdi a conta…

Enxerguei-me como um louco procurando pelas páginas do facebook das cidades onde meus pais e avós moraram por intermédio das histórias dos meus pais, eu recontando suas histórias a fim de alguma pista. 

Que nada!

Poucos me deram atenção. Outros, apenas curiosos, mas com poucos conhecimentos das histórias contadas por meus pais. 

Conheci primos de terceiros e quarto graus. Sobrinhas netas de minha avó paterna. Pessoas maravilhosas e acolhedoras. 

Descobri que as origens de Portugal e Noruega apresentados no teste de ancestralidade do “Genera” uma parte veio do meu avô paterno, justamente de sua avó materna. 

Coisa de louco. Nesses longos meses saindo em busca de alguma coisa dele, só fui encontrar algo quando entrei em contato com o cartório de Paraisópolis/MG e descobri suas raízes. Fruto que rendeu boas pesquisas no site do Family search. 

Agradeço de coração a toda equipe deste maravilhoso site e aos membros da Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos dias, das quais muito me acolheram e apoiaram.

Amei saber as poucas trajetórias que conheci de meus avôs e seus antepassados. Presenciei com carinho os nomes dados a seus filhos. Todos em homenagens a seus pais e avós. Coisas que morreram no povo contemporâneo. Hoje ninguém se preocupa mais com isso. Acha até cafona colocar nome dos avós nos filhos. 

Achei lindo ver a concordância de nome que meus bisavôs maternos fizeram ao registrarem os filhos: os filhos homens: levaram o nome do pai, enquanto as filhas mulheres: o nome da mãe.  Vi que meus tios levavam por gerações o nome de suas origens. 

Emocionei ao saber que o avô que tanto desejava um dia conhecer, mas que nunca será capaz de conhecê-lo pessoalmente, nasceu numa data referente ao meu aniversário. 

Recebi fotos de alguns tios avós por parte de minha avó paterna. 

Descobri que um colega de trabalho conheceu e bem os familiares do meu pai dos quais viviam em Paraisópolis/MG.

Queria tanto por um instante minha mãe de volta para contar por detalhes dessa minha pesquisa. 

Às vezes conto para meu pai sobre suas origens. Vejo seus olhos brilharem e manifestar de uma forma como se todos ainda estivessem vivos.  

Fiquei tão abismado de identificar o sobrenome Rodrigues por ambas às partes dos meus antepassados, dos quais vai além dos tetravôs. Olhem que nem são parentes de sangue. 

A pesquisa há de continuar e novas histórias surgirão. 

Fiz loucuras jamais ousadas a um dia pensar que faria: visitei cemitérios e cartórios. Conversei com parentes que nem conhecia. Enfim, algum fruto saiu e acredito que minha futura geração jamais guardará em silêncio o que eu guardei por toda minha infância. 

Esse trecho será apenas um dos capítulos que penso em escrever com as longas histórias naufragadas pela viagem em busca do meu passado. 

Está aí, acabei de decidir o nome de um dos meus próximos livros: Em busca do meu passado. 

Sobre Rogério Rodrigues 21 Artigos
“Rogério Rodrigues é autor da página: https://www.recantodasletras.com.br/autores/rogeriorodrigues2020, escritor, dramaturgo, Acadêmico das Academias: Academia Valeparaibana de Letras e Arte / Academia Virtual da Língua Portuguesa e Literatura (AVLPL), e professor da rede pública de ensino de São José dos Campos/SP. Para conferir seus textos do antigo site, acesse o link abaixo: http://old.entrementes.com.br/category/colunistas/rogerio-rodrigues/”

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