Leio vagarosamente Fernando Pessoa, Tabacaria e outros poemas. Leio, releio, quanta metafísica, aí desconfio de minha existência, minhas crenças já são outras, abandonei as religiões, mas vejo o sagrado nas religiões. Qual o motivo de vivermos, se tudo desaparece, até nossa fé? Não sou ateu, acredito no universo. Éramos felizes ou infelizes quando debatíamos metafísica na praça? Depois, em uma banca de revista, hoje fechada. Já não tenho com quem debater metafísica. Tantas historias na internet. Pensei nestes dias em deixar de escrever. Mas registro uma vida repleta de inexistência. Por que tanta paixão por Pessoa e sua poética? Nem um poeta me fala e me cala tanto como ele. Ai, estes Portugueses, Camões. Uma escritora numa escola em que trabalho, em sua fala, me fez questionar minha escrita. Senti-me tão desorientado e amador nestes dias. E por que sonhar com um sucesso editorial? Querer poderes se ainda nem alma tenho? Já não sei e nunca soube de que estrela eu vim. Aprendi que provavelmente estamos aqui adormecidos e que somos uma pequena parte de um ser maior. Eu, mero fragmento e não me lembro de minha eternidade. Quantas ilusões nestes dias e hoje irei a uma festa de aniversário, um domingo. Como sou um ator! O teatro da vida, atravessar a cidade num domingo, representar papeis que não me interessam. Mas é a vida, afinal temos pouquíssimos amigos. Tudo passa, só não passa a alma, viva quando se lê Tabacaria. Eu inexistência.
Joka Faria
João Carlos Faria
Em São José dos Campos nos anos 90 muitas pessoas se reuniam de forma informal na Praça Afonso Pena para trocar conhecimentos poéticos, filosóficos e tudo o mais.
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