A Dama Mourisca –  Marina Alexiou

A Dama Mourisca

 

A dama mourisca, tal qual Sefora, a sacerdotisa

equilibra o seu temor

sobre o brilho daquele áureo candelabro.

 

Delicadas elipses,

teias tecidas na conjuntura da infinitude

naquele céu noturno do corpo feito lua minguante.

 

Sem corda para segurar, sonha-se o sonho.

Dos espaços sem limites, o olhar pende…

 

Para onde?

 

Duplo éter daquela viagem

Naquele momento ela finge lançar-se desavisadamente

ao som de uma música que só ela ouve.

 

Circunscrita por um cortejo ígneo

que há tantas jornadas a acompanha,

ela é a própria razão de ser da luz.

 

Guardiã e súdita

Confidente e mensageira…

 

Ela solta seu corpo e tudo gira

A vida, ideias, imagens, paisagens, histórias, pensamentos, premonições e distúrbios.

 

Em que se pendura esse candelabro de samsara?

Quando vai voltar a rodar?

A (equilibrista) moura mantém seu delicado equilíbrio

Prazerosamente, ébria no seu próprio ser.

 

Obediente aos ditames

daquilo que julga fazer ela parte

à maneira do fio que enlaça as contas do colar,

confunde-se inevitavelmente ao seu desenho.

 

…Numa noite qualquer de estrelas presentes, ela retornará

para nos alertar sobre o próximo giro da roda.

 

Tomará fôlego, e sorrirá.

Um sorriso calmo e acolhedor. Compreensivo…

 

E, embalados por esse semblante, desta vez, nós sonharemos.

Enquanto ela, dançará…

 

Marina Alexiou, São Paulo – SP

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