A História dos Quadrinhos

A História dos Quadrinhos

Por Jorge Hata*

Os quadrinhos, tal como os conhecemos, começaram nos Estados Unidos em 1.895, nos suplementos dominicais coloridos, usando a dimensão total do jornal (standard) ou em tabloides, passando em 1.907 a sair também diariamente em tiras em preto e branco. Somente em 1.933/1.934, surgiram os “Comic Books”, tamanho meio- tabloide com histórias completas. No Brasil, essas revistinhas em quadrinhos passaram a ser chamados popularmente de “Gibis”, por causa do lançamento da revista “Gibi”, numa quarta-feira, 12 de abril de 1.939 em 32 páginas, papel jornal, meio-tabloide, com algumas páginas de dobra em 2 cores (vermelho e amarelo). Publicou no primeiro número, entre outras, “Oscar e sua Turma”, “Charlie Chan”, desenhado por Alfred Andrido, “Bronco Piller” de Fred Harman, Líl Abner (Ferdinando), de All Capp, “Cesar e Tubinho”, de Roy Crane, “Barnie Baxter” de Frank Miller, “Alley Oop” (Brucutu), de Vincent T. Hamlin, “Oh Diana”, de Dani Towers, algumas em tiras, outras em seus capítulos domingueiros e “Os Filhos do Capitão Grant” de Jules Verne, especialmente ilustrado por Miguel Hochman, com letrinhas dos balões em composição. O “Gibi” continuava o sucesso de diversas revistas da época, entre eles o tabloide “O Globo Juvenil”, da mesma editora de Roberto Marinho. Somente mais tarde, em 1.940 é que começaria o “Gibi Mensal”, com histórias completas como nos “Comics Books” Mas, as crianças de então não se preocuparam com essas sutilezas e passaram a chamar de “Gibi” qualquer revistinha em quadrinhos. Muita água correu entre o primeiro “Gibi” que durou até 1.950 (a edição mensal foi até 1.963).

Naquele tempo, os pais e professores eram radicalmente contrários à leitura dos quadrinhos pelas crianças e jovens que não tinham voz ativa. Agora, os quadrinhos estão na moda, os intelectuais europeus deitam falação, os museus do mundo todo exibem “Comics”, e os escritores e cineastas mais famosos como Fellini, Resnais, Godard, declararam que se formaram culturalmente, lendo quadrinhos. Hoje os jovens, desde o surgimento dos Beatles e dos movimentos estudantis, participam ativamente do mundo contemporâneo e representam uma parcela importante do mercado consumidor da sociedade atual. E o termo “Gibi”, curiosamente, voltou recentemente com a frase “Não está no Gibi”, como se o gibi fosse uma verdadeira enciclopédia. A Rio Gráfica Editora, que fez parte do complexo de meios de comunicação do jornal “O Globo”, “rede Globo de Televisão” e “Sistema Globo de Radio”, relançou “O Gibi”, numa edição, felizmente em tudo, diferente da primeira versão. Foram publicados:- “Dick Tracy”, “X-9”, “Steve Rooper”, “Fantasma”, “Mandrake”, “Tarzan”, “Steve Canyon”, “Ferdinando”, “Jeff Cobb”, “Jim Gordon”, “Príncipe Valente”, “Brick Bradford”, “Big BenBolt”, “Spirit” e muitos outros personagens, inclusive histórias europeias e nacionais. É preciso compreender a nostalgia como uma reinterpretação do passado e sua análise em relação ao que veio depois, sua capacidade de antevisão e não simplesmente a sua idolatria.

*JORGE HATA
HISTORIADOR E COLUNISTA na HATA QUADRINHOS

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