A natureza transcendente da arte

A  NATUREZA  TRANSCENDENTE  DA  ARTE

Por Gilberto Silos

A arte é uma forma de expressão do ser humano. Por intermédio dela revela-se seu nível de consciência. Em seu estágio primitivo ele  procurou conhecer  as coisas que o rodeavam e reproduzi-las dentro de suas limitadas possibilidades. O homem das cavernas deixou difusas marcas de sua existência, incapazes, porém,  de  permitir aos modernos pesquisadores um estudo mais acurado  de sua consciência.

Com o passar  do tempo a capacidade de percepção daquele ser primitivo foi se  aprimorando e formas mais detalhadas foram gravadas nas rochas, embora revelando uma arte ainda bem rudimentar.

Como a evolução interna do homem faz evoluir também todos os campos onde ele atua, essa manifestação artística tornou-se  mais clara e compreensível. O gradativo refinamento da mente e dos sentimentos conduziu a uma dinamização das faculdades criativas. Ele passou a criar não só com perfeição, mas também com beleza.                                             O artista, mesmo que inconscientemente, liga-se aos planos superiores da natureza, a verdadeira fonte de suas inspirações. As belas sinfonias de Beethoven, por exemplo, são pálidas reproduções do que o grande mestre conseguiu captar nas dimensões mais sutis  dos planos espirituais.

A verdadeira arte é indissociável da sensibilidade. As experiências do poeta assemelham-se às do músico. A poesia é a expressão dos mais  íntimos sentimentos  da alma. As palavras ordenam-se conforme as leis da harmonia e ritmo que regem a expressão do espírito da música.

O artista tendo a faculdade de ver, ouvir e sentir a natureza de maneira diferente, mais ampla e aperfeiçoada do que o comum das pessoas, poderá expressá-la nas artes plásticas, na música, poesia, transmitindo até vislumbres de sua origem  divina aos apreciadores de suas obras. Ele o faz também porque sente a necessidade de eternizar seus pensamentos e sentimentos.

O ser humano, qualquer que seja o seu grau de evolução, não quer se submeter ao temporal, mas sim transcendê-lo. Isso é verdade tanto para o primitivo homem das cavernas como para o da Renascença ou do Modernismo.

O  homem procura perpetuar-se na literatura, na música, na dança, nas artes plásticas. O  dançarino, naquele breve momento, projeta-se no tempo. O mesmo ocorre com o músico. Naquele instante  de sua apresentação ele vive a sua eternidade.

A arte é uma forma de educação permanente. Um povo cercado de beleza sob a forma de jardins, florestas, esculturas e músicas, torna-se refinado em seus sentimentos e unido  em suas aspirações.

Na Grécia  antiga floresceu uma magnífica civilização. Sua maior característica era tudo expressar com requintada estética. Seus mitos inspiraram criações  extraordinárias. Orfeu adormecia os animais fazendo soar docemente a sua lira. Nas  grandes obras de escultura resplandeciam a beleza e a harmonia como na representação de Eros e Psique – a Alma e o Amor. Aquela civilização produziu artistas, filósofos, poetas, até hoje considerados verdadeiros mestres da Sabedoria. Os gregos, porque recebiam uma educação integral, conheciam o sentido metafísico das artes.

A arte é uma linguagem universal. É o mais abrangente e profundo canal de comunicação de sentimentos.   Goethe denominou-a de a magia da alma. Schiller afirmou que a arte restitui ao homem toda a sua dignidade. Sem ela estaríamos irremediavelmente perdidos.

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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